Gabriela Guerreiro e Lourenço Melo
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O procurador-geral da República, Cláudio Fontelles, encaminhou hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de abertura de inquérito contra o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, por suposta evasão de divisas que teria configurado crime eleitoral e lesão ao sistema financeiro nacional. Segundo o pedido, Meirelles teria enviado dinheiro ao exterior irregularmente em 1999, na época em que presidia o Banco de Boston.

Por meio de nota oficial, Meirelles disse encarar "com tranqüilidade e serenidade" o pedido do Ministério Público. Segundo a nota, "o presidente do Banco Central reitera a total legalidade e probidade de todos os seus atos, tanto em sua longa carreira no setor privado quanto no setor público". Meirelles também reiterou sua "confiança absoluta" nas instituições e, em particular, no Poder Judiciário. Por fim, o presidente do Banco Central considera positiva "a possibilidade de manifestação definitiva da Justiça sobre supostas irregularidades nunca comprovadas".

O relator do processo no STF será o ministro Marco Aurélio Mello, que já recebeu o pedido de abertura de inquérito.

O Ministério Público investigou as operações financeiras de Meirelles quando foi presidente mundial do Banco de Boston e teria aberto empresas em paraísos fiscais. Além disso, o banco teria enviado quantias elevadas ao exterior sem registro do Banco Central. O STF também vai analisar a atuação de Henrique Meirelles quando foi candidato a deputado federal em 2001.

O atual presidente do Banco Central teria informado à Receita Federal que morava nos Estados Unidos, mas à Justiça Eleitoral teria revelado o endereço de sua residência em Goiás.