Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio - Os juros altos são o principal fator para que a maioria dos chefes de família do país declarem que devem consumir menos bens de alto valor nos próximos meses, de acordo com a 16ª Sondagem de Expectativas do Consumidor, divulgada hoje (6), no Rio de Janeiro, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). A pesquisa, feita em comparação aos 6 meses anteriores, mostra que 53,7% de 1.440 pessoas entrevistadas entre os dias 7 e 22 de março em 12 principais capitais do país devem reduzir seus gastos.
O coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas da FGV, Aloísio Campelo, afirmou que "a política econômica do governo tem gerado resultados até favoráveis em termos de crescimento nos últimos meses. Não há uma mudança muito nítida no ambiente político que pudesse gerar uma alteração na confiança do consumidor. Então, o que tem havido são essas medidas de sintonia fina da política monetária, principalmente, que tendem a desacelerar o crescimento econômico". Isso provoca, segundo Campelo, uma certa cautela no consumidor "porque, em outras ocasiões, ele já verificou ciclos de retomada que tiveram de ser cancelados por vários motivos".
Outros fatores, entretanto, também influenciam essa decisão, informa Campelo. Um deles é a reposição desses bens no ano passado. Ele cita o aumento expressivo registrado na produção de automóveis e eletrodomésticos. Outro ponto seria o aperto da política monetária e, além disso, "o consumidor está muito preocupado também em relação ao mercado de trabalho nos próximos meses, o que o leva a prever que ele estará mais cauteloso".
Os chamados juros básicos brasileiros estão entre os maiores do mundo. São definidos mensalmente pelo Comitê de Política Monetária do governo e, hoje, estão em 19,25% ao mês.
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