Expulsão de 82 famílias sem-terra a tiros em PE é caso ''gravíssimo'', diz superintendente do Incra

05/04/2005 - 17h14

Marcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil

Recife - A superintendente do Incra em Pernambuco, Maria de Oliveira, classificou como "gravíssimo" o incidente ocorrido na madrugada de ontem, no engenho Cangaia, em Belém de Maria, no Agreste de Pernambuco, quando 82 famílias de trabalhadores rurais ligadas ao MST foram expulsas da terra a tiros, por seguranças armados. Elas haviam ocupado o imóvel no domingo (03) e estavam vivendo em barracos de lona improvisados, que foram incendiados pelos atacantes.

De acordo com Maria de Oliveira, "a investida reforça a necessidade de promover iniciativas urgentes de desarmamento no campo". A superintendente recebeu hoje (5) um diagnóstico com todas as ocupações realizadas pelos movimentos sociais nos últimos dias em Pernambuco.

O coordenador do MST no estado, Jaime Amorim, disse que a "ação violenta" de despejo dos trabalhadores do Engenho Cangaia confirma a existência de milícias armadas na região, para tentar boicotar as ações do Incra e impedir novas ocupações. Ele assegurou que todas os imóveis ocupados recentemente, durante a jornada de luta pela posse da terra, não estão situados em áreas hitóricas de conflito.

Amorim enfatizou que as invasões vão prosseguir, para mostrar ao poder público que a reforma agrária pode mudar a realidade do campo, combatendo a fome e promovendo o desenvolvimento sustentável no interior do país.

Atualmente existem 280 mil famílias de trabalhadores rurais sem-terra em Pernambuco, de vários movimentos sociais. Dessas, mais de 30 mil estão acampadas, a espera da reforma agrária, e 20 mil são do MST.

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