Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - "Cristo decidiu ter um vigário na Terra, alguém visível que o representasse de modo mais especial junto a toda a Igreja e este alguém foi o Santo Padre", disse nesta sexta-feira (1º) o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Majela. Durante entrevista coletiva em Salvador, dom Geraldo relembrou alguns momentos marcantes na vida do Papa, como a preparação para o sacerdócio em pleno regime comunista, o que, segundo ele, contribuiu para dar a João Paulo 2º uma formação pessoal exemplar.
"Eu posso imaginar como, no pensamento do papa, na sua constante lembrança, e pela experiência que tive de conviver com o papa, sei que ele ficou marcado, no sentido positivo e sentimental, pela experiência que viveu", afirmou.
O presidente da CNBB, que também é cardeal arcebispo de Salvador, lembrou as dificuldades que o papa enfrentou durante a vida para manter a saúde. "O homem que era desportista e esquiava anualmente tinha uma saúde de ferro, mas, no atentado em 1981, ele perdeu um terço do intestino. A bala atravessou os dedos das mãos, o braço, e mais adiante ele teve um tumor no intestino e tirou mais um terço. Depois ele caiu no banheiro e passou a ter problemas no fêmur. Tudo isso foi se acumulando e ficaram seqüelas. Foi um homem provado com o sofrimento", disse ele.
Sobre as viagens realizadas por João Paulo 2º, dom Geraldo comentou que, desde cedo, o papa demonstrou o desejo de estar com o povo, de se comunicar com as pessoas. "Ele nunca foi um homem fechado em seu escritório. Em seu pontificado, aumentou o contato com os bispos, visitando-os constantemente", afirmou.
Para o cardeal, o sofrimento do papa foi oferecido como missão sagrada. "Ele não faltou, a sua presença não se omitiu diante dos desafios. Ele teve por Deus a missão de oferecer o seu sofrimento físico".