Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O senador Maguito Vilela (PMDB-GO) afirmou hoje (1º) que foi pressionado por "um empreiteiro, no cafezinho do Senado", para que retirasse sua assinatura de um pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar ações do governo Fernando Henrique Cardoso. O peemedebista goiano foi a tribuna defender o presidente Luiz Inácio Lula da Silva das críticas que tem recebido da oposição pelas declarações feitas na semana passada, no Espírito Santo.
Na ocasião, Lula afirmou que "um alto companheiro" lhe confidenciou, em 2003, que a instituição que iria presidir estava "quebrada", e ainda que o processo de corrupção em governos anteriores teria sido "muito grande". As declarações de Maguito Vilela provocaram a reação imediata de senadores do PFL e PSDB. José Jorge (PFL-PE), Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), afirmaram que o parlamentar tinha a obrigação de revelar o nome do empresário que "fez a proposta".
Maguito, por sua vez, não revelou a identidade do empreiteiro. "Não sou obrigado a recordar o nome mas se os senhores colocarem aqui os nomes dos principais empreiteiros do país eu digo quem foi", afirmou Vilela. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), apresentou requerimento à Mesa Diretora para que o peemedebista fosse convocado à Comissão de Ética "para ser acareado com os principais empreiteiros do país".
O senador goiano disse, ainda, que no governo Fernando Henrique Cardoso vários pedidos de CPI foram abafados pela base parlamentar do então presidente. Citou, especificamente, a de tráfico de influência que tinha por objetivo investigar o então Secretário Geral da Presidência, Eduardo Jorge Caldas; a das privatizações e a do Sistema Financeiro Nacional. Segundo Maguito, foi numa destas que teria sofrido uma tentativa de achaque.
Mais cedo, Arthur Virgílio desafiou os partidos da base do governo a assinarem requerimentos criando duas comissões parlamentares de inquérito: uma para investigar as privatizações em governos anteriores e outra para apurar o envolvimento do ex-assessor da Casa Civil da Presidência da República, Waldomiro Diniz, com cobrança de propina ao empresário goiano Carlos Augusto Ramos, o Carlos Cachoeira.
Maguito Vilela aceitou a proposta do líder tucano de ser acareado na comissão de ética. "Aceito o desafio, vou a Comissão de Ética e vou provar o que estou dizendo", rebateu. Já o líder do Bloco de apoio ao governo (PT-PTB-PSB), Delcídio Amaral, reafirmou que as declarações do presidente, no Espírito Santo, foram "de cuidado com a coisa pública e, especialmente, com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)".
Ele aproveitou para sugerir aos senadores que, a partir desta semana, a Casa comece a avaliar os projetos que estão na pauta e que tem "real importância para o país".