PIB do agronegócio em 2004 tem queda de 0,87%

01/03/2005 - 18h12

Brasília, 1º/3/2005 (Agência Brasil - ABr) - O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio no Brasil caiu 0,87% em 2004 em relação ao ano anterior. De R$ 162,06 bilhões em 2003, o total no ano passado decresceu para R$ 160,65 bilhões. O resultado foi divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e, de acordo com o chefe do Departamento Econômico da entidade, Getúlio Pernambuco, a tendência de queda deve permanecer em 2005. O reflexo dessa tendência, explicou, é um aumento significativo no preço da cesta básica.

Quebra de safra, redução de preços no mercado interno e valorização do real frente ao dólar foram as causas da queda do PIB, segundo Pernambuco. "Câmbio desajustado é um desastre para os agricultores, porque 20% de tudo que é produzido são exportados. E isso pesa na formação dos preços", afirmou.

Em janeiro deste ano, no entanto, o saldo da balança comercial do agronegócio registrou aumento de 13,4% em relação a igual período em 2004. "Mesmo assim, a expectativa para 2005 é bastante pessimista, já que a maioria dos produtos está sendo comercializada com prejuízo para os agricultores", sintetizou.

Getúlio Pernambuco lembrou que o resultado da CNA difere dos índices divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontando crescimento de 5,2% no Produto Interno Bruto (PIB) de 2004, o que reflete o aumento físico da produção. "Nós divulgamos o PIB que leva em consideração não apenas a quantidade física produzida mas também o vetor de preços da economia. Toda vez que há o aumento da produção agrícola, os preços de mercado caem. Isto significa que a renda da atividade rural também cai – isso é o mostra nosso índice", explicou.

A queda no PIB do agronegócio, segundo o economista, indica que os agricultores terão menos recursos próprios para as próximas safras e deverão usar dinheiro de empréstimos e financiamentos. Com isso, a produção tende a diminuir. "Em 2006, há possibilidade de uma colheita muito menor e com preços mais altos. A médio prazo, todos sairão perdendo – e não somente os agricultores", avaliou.