Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro Jacques Wagner, chefe da Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, disse hoje que o assassinato da freira norte-americana naturalizada brasileira Dorothy Stang foi uma retaliação à atuação do governo federal naquela área.
"Acho importante que essa informação seja disseminada. Na nossa opinião, a morte, não só da irmã Dorothy, como de outros membros da direção dos sindicatos, não é conseqüência de omissão, mas, na minha opinião, diria que essa é quase uma convicção interna de governo, de que o crime foi uma retaliação", disse o ministro.
Segundo ele, a maior taxa de investimento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e aplicada na região. Lembrou ainda que na ocasião do crime a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, estava na área para um debate com pequenos produtores sobre o projeto de Lei que regulamenta o uso racional da floresta amazônica e que foi enviado ao Congresso Nacional depois do crime.
O ministro também disse que a questão fundiária na região é delicada, precisa ser muito trabalhada porque é uma área extensa e com muita titulação irregular. Para Wagner, no entanto, é preciso separar os trabalhadores, que mesmo na ilegalidade, estão sendo enganados, das quadrilhas que fazem especulação na região.
Wagner participou nesta terça-feira do "Diálogo de Fundações, Redes Sociais, Governo Brasileiro e Banco Mundial", em Brasília. O evento é uma iniciativa da Unidade Fundações do
Banco Mundial e do Comitê Internacional da European Foudation Centre. O ministro pediu às fundações americanas e européias que construam com o governo brasileiro uma parceria de mão dupla.
"Via de regra a madeira cortada ilegalmente da Amazônia destina-se a grandes centros produtores de movelaria. Portanto, a ação que temos que desenvolver tem que ser aplicada na origem e no destino", afirmou.
O ministro ressaltou, no entanto, que existe uma convicção do governo Lula de que só por meio do diálogo o país terá condições de construir uma sociedade verdadeiramente desenvolvida. O Fórum Diálogo de Fundações termina amanhã (23) e debate questões como a inclusão social, juventude, Amazônia e Nordeste, com destaque para a questão do semi-árido.
O objetivo é o estabelecimento de parcerias que permitam multiplicar iniciativas de sucesso e abrir caminhos a mais investimentos na área social no Brasil, ainda este ano. Segundo informação da Fundação Banco do Brasil, estudo realizado pelos institutos Brasileiro de Geografia e Estátistica (IBGE) e de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que em 2002, existiam no país 275,8 mil fundações privadas e associações sem fins lucrativos. Um crescimento de 157% em relação à última pesquisa feita em 1996.
Esse crescimento levou o Banco Mundial a organizar o encontro Diálogo de Fundações, Redes Sociais e o Governo Brasileiro para que os interesses comuns sejam discutidos.