Deputado diz que crimes no Pará são acobertados por esquema bem estruturado

22/02/2005 - 12h29

Ellis Regina
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar grupos de extermínio no Nordeste, deputado Luiz Couto (PT-PB), disse hoje que o assassinado da missionária Dorothy Stang é mais uma ação de grupos de extermínio comandados por milícias privadas que atuam no campo.

"Não tenho dúvida. São milícias privadas que são uma outra forma de extermínio, que atua principalmente no campo, patrocinadas por latifundiários, madeireiros, usineiros para eliminar qualquer forma de reação", afirmou. De acordo com o congressista, 250 pessoas estão envolvidas com grupos de extermínio. "Se é amigo do rei, não se faz nada, mesmo se o amigo do rei estiver envolvido em atividades perigosas", lamentou o deputado.

O parlamentar confirmou que apresentou requerimento para que sejam prorrogados os trabalhos da CPI. Luiz Couto afirmou ter sofrido pressões, inclusive de deputados, para que retire nomes da lista de indiciados. "Recebemos pedido para que o nome de um parlamentar fosse retirado do relatório. O nome dele não foi citado por nós, mas por uma testemunha. Se ele não tem nada a ver com a situação, que processe a testemunha ou que demonstre que não está vinculado a esta atividade criminosa", observou.

De acordo com o deputado paraibano, as investigações da CPI concluíram que há uma forte conexão entre os grupos de extermínio e o crime organizado. Entre as principais vítimas, estão lideranças de direitos humanos e líderes do movimento de reforma agrária. A CPI também constatou que os grupos de extermínio têm um esquema de informação bem estruturado e um para a obtenção de armas. Os grupos atuam com apoio de policiais civis e militares, de agentes penitenciários, fazendeiros e ex-presidiários.

Couto vai propor, em seu relatório, que alguns inquéritos sobre denúncias de extermínio possam ser reabertos e tenham a investigação acompanhada pelo Ministério Público. O parlamentar afirma que, desde agosto passado, o relatório com as conclusões das investigações está pronto para ser votado. Segundo ele, duas semanas são suficientes para apresentação do texto, acolhimento das sugestões dos membros da CPI e votação do relatório final.