Agricultores propõem prazo maior para pagamento de dívidas ao governo

22/02/2005 - 19h30

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Documento elaborado por representantes das federações de agricultura dos principais estados produtores de grãos do país proporá ao Governo o parcelamento dos empréstimos oficiais de custeio e de investimento do setor agrícola. A proposta será entregue no próximo dia 2 ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, em reunião marcada para ocorrer na cidade de Rio Verde, em Goiás.

De acordo com o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Macel Caixeta, a proposta sugere o pagamento de 20% da dívida de custeio ainda este ano e o restante dividido nos próximos quatro anos. As dívidas de investimento seriam pagas apenas após o vencimento da última parcela, que ocorre em 2006. Em 2005, os créditos de investimento em vencimento giram em torno de R$ 4 bilhões. A renegociação englobaria todas as culturas em dificuldades.

"O produtor não quer nada de graça, ele quer ter condições de pagar, e isso é uma crise que ele não esperava. A gente está fazendo isso para evitar uma quebra de produção no próximo ano, porque senão o agricultor vai ficar sem condições de plantar a próxima safra. E isso pode ocasionar um desabastecimento no país", afirmou.

Segundo Caixeta, caso não seja possível a renegociação das dívidas, o setor pode enfrentar um quadro de grave crise. "[Seria] um desastre total, porque o produtor não tem como pagar as dívidas agora, isso não por culpa dele. Então não tem como prosseguir a atividade. Nós primeiramente estamos tentando conversar", disse.

O presidente aponta como principais problemas enfrentados pelo setor de grãos o estoque mundial muito elevado, juros altos, o mercado desprotegido, a desvalorização do dólar e a concorrência com países que fornecem subsídios elevados.