Marcos Chagas, Iolando Lourenço e Luciana Vasconcelos
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Após a vitória do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, os parlamentares governistas trabalham para tentar recuperar a maioria que tinham na Casa até o ano passado.
Para o deputado Paulo Bernardo (PT-PR), essa recomposição passa pela melhoria do relacionamento entre Executivo e Congresso Nacional. "As críticas dos deputados de que ministros não os recebem em audiência e um melhor gerenciamento na liberação das emendas parlamentares ao orçamento têm que ser olhados pelo governo", disse o presidente da Comissão Mista de Orçamento.
Na avaliação de Paulo Bernardo, a vitória de Severino Cavalcanti sobre o candidato oficial do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), apresentou "um componente fortíssimo no voto para derrotar o governo". O petista lembrou que praticamente todos os votos dados ao candidato avulso do PT, Virgilio Guimarães (MG), migraram para Severino.
O petista Jorge Bitar (RJ) acredita que a eleição de Severino Cavalcanti deverá influir na reforma ministerial que o presidente Lula prometeu fazer após as eleições no Congresso. "Hoje não se tem mais garantias das lideranças dos partidos que apóiam o governo. Um exemplo claro é o PMDB, o Eunício (ministro das Comunicações) foi para o governo e se viu o que aconteceu com a bancada na Câmara. Talvez, se ele estivesse aqui, as coisas teriam sido diferentes", disse Bitar.
Já o presidente do PPS, Roberto Freire (PE), pretende apresentar ao presidente da Câmara uma proposta de agenda que priorize projetos importantes que estão na Casa, como o de biossegurança, e não apenas a agenda interna. "O deputado Severino Cavalcanti tem que entender que é o presidente de um Poder e que não vai tratar apenas dos interesses dos parlamentares". Para Freire, o governo acabou "colhendo o que plantou" ao priorizar as relações individuais com os parlamentares ao invés de promover discussões institucionais.