Mais de 300 empresas negociam exportações com árabes em São Paulo

15/02/2005 - 20h04

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Aproximadamente 380 empresários de todo o Brasil e 27 empresários de cinco países árabes – Jordânia, Iraque, Lìbano, Palestina e Iêmen – participaram de rodada de negócios realizada ontem e hoje, em São Paulo.

Apenas uma empresa árabe, do ramo de perfumes e cosméticos, veio oferecer seus artigos e as outras 26 estão interessadas em comprar produtos brasileiros, segundo dados da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, promotora do evento.

Encerrada hoje à tarde, a rodada deve dar ainda maior impulso ao intercâmbio comercial entre o Brasil e as 22 nações que compõem a Liga Árabe. No ano passado, a corrente comercial entre o Brasil e os árabes cresceu 49,7% em relação a 2003, totalizando US$ 8,1 bilhões – US$ 4,03 de exportações brasileiras e US$ 4,1 bilhões de importações.

Em alguns dos países visitados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou por comitivas do governo federal, como Síria, Líbia e Argélia, o volume de negócios mais que dobrou em 2004.
De acordo com o presidente da Câmara Árabe, Antonio Sarkis. Jr., a maior parte da delegação comercial árabe já têm negócios com o Brasil. Estes empresários, no entanto, não importam mais do que dois ou três produtos. "Eles estão entusiasmadíssimos com o potencial de negócios. Não tinham noção da qualidade e da diversificação dos produtos brasileiros. Além disso, nossos preços estão competitivos", garante Sarkis.

Os segmentos que mais despertam interesse são o agronegócio – açúcar (em 2004, as exportações de açúcar para a Liga árabe totalizaram US$ 1 bi, um quarto do total de vendas para aqueles países), carne bovina e de frango, café e leite em pó (item que entrou na pauta de exportações no ano passado).

Produtos manufaturados também estão na mira dos árabes, especialmente autopeças, materiais e motores elétricos, tubos de aço e de ferro e têxteis. A visita dos árabes também deve render investimentos no Brasil. O conglomerado Hayel Saee Anam, do Iêmen, já presente em 38 países, veio em busca de parceiros para joint-ventures no setor do agronegócio.

Ainda há muito mercado a explorar, garante o presidente da Câmara de Comércio árabe- Brasileira. Sarkis destaca que em 2004 os 22 países da Liga Árabe importaram US$ 231 bilhões do mundo todo. Apenas 2% disso foi comprado do Brasil: "Nossa meta é ampliar as exportações brasileiras dos atuais U$ 4,03 bilhões para US$ 7 bilhões em dois ou três anos".

Para alcançar a meta, a Câmara participará de 15 feiras internacionais no mundo árabe – 13 comerciais e duas de turismo. Além disso, planeja para maio a realização de um grande evento empresarial em São Paulo. A idéia é aproveitar a realização, em Brasília, da reunião de cúpula dos chefes de estado árabes e sul-americanos.

"A expectativa é de que venham reis, chefes de estado e ministros. Com as delegações oficiais virão muitos empresários de porte", aposta Sarkis. O entusiasmo é compartilhado pelo chefe da missão comercial árabe, Thabet A. Taher, ex-ministro das Minas e Energia da Jordânia e diretor da Federação de Empresários Árabes – entidade que representa 11 associações de empresários de 10 países árabes.

De acordo com a Agência de Notícias Brasil-Árabe, Taher afirmou, durante seminário que abriu a rodada de negócios de São Paulo, que os países árabes podem buscar no Brasil os mesmos produtos que compram de países desenvolvidos, como os EUA e o Canadá. Taher defendeu a criação de acordos comerciais entre as nações árabes e as da América do Sul como forma de ampliar as relações econômicas entre as duas regiões.

"Há dois anos a Jordânia firmou um acordo com os Estados Unidos. Nesse período as exportações para os EUA aumentaram de cerca de US$ 200 milhões para US$ 1 bilhão em 2004. O tratado funcionou bem. Então por que não ter acordos semelhantes com os países da América do Sul", declarou Taher após o seminário.