Forças federais e estaduais devem trabalhar de forma articulada para solucionar conflito no Pará

15/02/2005 - 19h52

Paula Menna Barreto
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Forças federais e estaduais devem trabalhar de forma articulada no Pará. Segundo o ministro da Justiça, Mário Thomaz Bastos, que esteve reunido com o governador do estado, Simão Jatene, deve ser articulada uma ação entre Forças Armadas, Polícia Federal, Polícia Militar e Civil do estado do Pará. Além disso, deve ser aumentado o efetivo da Polícia Federal no estado. Entretanto, antes de colocado em prática, o plano deve ser encaminhado ao presidente Lula.

Após reunião ministerial, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou que o governo federal não vai enviar força-tarefa ao estado do Pará, mas ajudar na articulação das investigações e dar continuidade às ações de combate à grilagem de terra na região, desmatamento, exploração ilegal de madeira e às ações de regularização fundiária.

Nos últimos três dias, o estado do Pará tem vivido momentos de tensão. Os conflitos agrários na região são responsáveis por pelo menos quatro mortes até agora. O Ministério Público Federal no Pará confirmou que o clima em Anapu, cidade onde ocorreram três mortes, inclusive a da irmã Dorothy Stang, é de medo porque existem rumores de que os assassinatos vão continuar.

No encontro entre o ministro e o governador do Pará, Thomaz Bastos disse ainda que pode haver elementos para a federalização da investigação. Esse é o pedido que já foi feito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Para o coordenador estadual da Comissão Pastoral da Terra, Jax Pinto, os crimes ligados à terra no Pará só vão parar quando o governo "atuar rigorosamente na região", principalmente nas fronteiras.

Segundo o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), o quarto assassinato desta tarde, em Anapu, foi o de um líder social da comunidade. Cláudio Matogrosso era um assentado na Gleba Mandacari e havia participado de protestos contra a invasão de grileiros e o desmatamento ilegal nas áreas de preservação ambiental. O superintendente da Polícia Federal do Pará, José Sales, informou que o corpo de Cláudio foi encontrado a 15 quilômetros da estrada onde foi assassinada a missionária Dorothy.

O ministro Thomaz Bastos disse que o governo vai atuar duramente nos casos do Pará. "O trabalho está sendo feito e continuará a ser feito de uma maneira que não seja admitida a possibilidade do Estado brasileiro ser afrontado ou desafiado", enfatizou.

O Procurador Geral da República, Felício Pontes Júnior, esteve reunido esta tarde com lideranças de movimentos sindicais em Anapu e decidiu continuar na cidade acompanhando as investigações da polícia para encontrar os assassinos da irmã Dorothy.