Marcos Chagas, Iolando Lourenço e Luciana Vasconcelos
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – O vice-líder do governo, Beto Albuquerque (PSB-RS), avaliou hoje que, após a eleição do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) à presidência da Câmara, a regra de proporcionalidade partidária não vale mais na Casa. "A partir de agora vale tudo, depois da decisão de ontem não tem mais princípio de proporcionalidade". Tradicionalmente, o partido com a maior bancada tem o direito de indicar candidatos à presidência da Câmara e das comissões permanentes.
Sem essa regra, os partidos passariam a disputar as comissões e algumas delas, como a de Constituição e Justiça, são tão importantes politicamente como um cargo na Mesa Diretora.
"A regra da proporcionalidade para as comissões, a rigor, está abalada pelo processo sucessório da presidência da Câmara", diz Albuquerque. O vice-líder defende uma atuação firme do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no sentido de rever o relacionamento de seu governo com o Congresso. "O presidente deve estar percebendo que tem que mudar aqui algumas peças do jogo. Ter maioria não é suficiente, tem que ter jeito para conversar e cumprir os acordos firmados".
O deputado federal Paulo Bernardo (PT-PR) considera "um fato grave" que o PT, a maior bancada na Câmara dos Deputados com 91 parlamentares, tenha ficado excluído da Mesa Diretora. Para Bernardo, a tradição de o maior partido indicar o presidente da Casa "não existe mais". O partido cedeu ao PDT uma das suplências da mesa durante as negociações para garantir apoio ao candidato oficial à presidência da Câmara, Luis Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
Esse novo cenário deverá ser repensado pelos partidos que dão sustentação política ao presidente, avalia o deputado fluminense Jorge Bitar (PT). "O que está acontecendo aqui é muito grave para a democracia brasileira". No entanto, ao contrário do que pensa o deputado Beto Albuquerque, Bitar defende a preservação da regra da proporcionalidade partidária a fim de se evitar um agravamento da crise política que se instalou a partir da eleição da presidência da Câmara. "O PT não vai brincar com essa história. Se entrarmos no vale tudo isso vai se voltar contra todos os partidos, seria uma barbárie", afirmou Bitar.