Márcia Detoni
Enviada especial
Porto Alegre - Membros do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial (FSM) querem maior participação ao realizar as próximas edições em pelo menos três continentes distintos. "Não estamos procurando governos populares, mas locais nos quais a mensagem do Fórum seja importante e relevante", disse a queniana Njoki Njehu, durante entrevista à imprensa concedida pelo Conselho e por representantes dos governos do Brasil, do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre.
A indiana Meena Menon ressaltou que o processo de descentralização do Fórum começou ainda em 2004, quando o encontro foi realizado na Índia. "Na época, o PT estava na administração de Porto Alegre", comentou Meena. Segundo ela, a regionalização do Fórum vai permitir a participação de um número bem maior de pessoas nos debates. "Vai ter muito mais gente participando do processo. Muitos não podem vir a Porto Alegre, mas poderão ir a um país vizinho", afirmou.
Durante a entrevista à imprensa, os representantes dos governos do Rio Grande do Sul (PMDB) e de Porto Alegre (PPS) fizeram questão de ressaltar seu apoio ao Fórum, que surgiu em 2001 durante a administração petista do Estado e do município.
"O novo governo municipal honrou todos os compromissos assumidos pelo governo anterior para que o Fórum se realizasse em condições absolutamente normais e quer continuar acolhendo o FSM e outros eventos vinculados ao FSM", disse o secretário de Articulação Política de Porto Alegre, Cezar Busatto.
João Brum Torres, secretário estadual de Coordenação e Planejamento, salientou que o apoio de Porte Alegre ao Fórum Social Mundial vem sendo reiterado ao longo dos anos, independentemente dos partidos a frente do governo.
Njoki pediu o apoio da comunidade internacional e da imprensa ao Fórum Social Mundial de 2007, que será realizado na África, em local ainda a ser definido: "Vamos para a África não porque somos contra Porto Alegre, mas para expandir a experiência. A Índia mudou com o FSM de 2004 e espero que o mesmo aconteça com a África".
Os membros do Conselho também garantiram que o evento não está saindo de Porto Alegre por causa da derrota do PT nas últimas eleições municipais. A decisão do Conselho de descentralizar o Fórum em 2006, realizando encontros em outros continentes, foi recebida com muita suspeita por políticos e setores da mídia gaúcha, que relacionaram a decisão à saída do PT do governo do Estado e da capital.