Pesquisa: falta aparelho para dignosticar câncer de mama em 81% do país

26/01/2005 - 18h57

Brasília, 26/1/2005 (Agência Brasil - ABr) - Uma pesquisa sobre a atenção à saúde das mulheres, realizada pela Dra. Ana Maria Costa, da Universidade de Brasília, revela que em 81% das cidades brasileiras não há aparelho para mamografia, exame que diagnostica o câncer de mama, o tratamento só tem cobertura para 75% dos casos e somente em 8,1% dos municípios.

"Infelizmente as mulheres não dispõem de acesso ao tratamento", lamenta a médica. Intitulada "Atenção Integral à Saúde das Mulheres: Quo Vadis. Uma Avaliação da Integralidade na Atenção à Saúde das Mulheres no Brasil", a pesquisa traz dados estimados para 5.507 municípios em entrevistas com 627 gestores das secretarias municipais de saúde, entre o último trimestre de 2003 e o primeiro de 2004.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Diógenes Basgio, dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), do Ministério da Saúde, informam que só este ano 15 mil mulheres devem morrer em decorrência do câncer de mama e 50 mil novos casos serão registrados. Ele diz que a política nacional de saúde da mulher requer que apenas mulheres na faixa etária entre 50 e 69 anos façam a mamografia anualmente. "Entretanto a Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda que os exames sejam feitos uma vez por ano em todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade", revela.

"É impossível fazer as mamografias nas 14 milhões de mulheres pelo Sistema Único de Saúde (SUS), menos ainda se fizéssemos nas outras 10 milhões que a OMS recomenda", diz. Em alguns casos, além das dificuldades para diagnosticar a doença, o tratamento também pode ficar prejudicado.

A dona de casa Maria Ivonilde de Silva Melo, 51 anos, tem câncer de mama, mora em Brasília e já teve que fazer parte do tratamento em Anápolis, cidade goiana a 130 quilômetros da capital do país. "Fui 28 vezes lá, ia e voltava todos os dias e ainda queriam que eu fosse para Uberaba", conta. Ela relata ainda que esta semana não fez a quimioterapia porque faltou medicamento.

Segundo Washington Couto, secretário substituto de atenção à saúde, do Ministério da Saúde, o problema não é a falta de aparelhos para fazer a mamografia, mas a má distribuição do equipamento; "O SUS tem 1.064 aparelhos para fazer mamografia e essa quantidade é suficiente. O problema é o planejamento para a distribuição".

Para solucionar a questão, Couto diz que o Ministério da Saúde, por intermédio do Inca, está desenvolvendo um estudo que vai habilitar o Brasil a ter melhor distribuição dos aparelhos, pois "o importante é garantir o acesso à população e reduzir as distâncias".

A pesquisa revelou ainda que 91% dos municípios não incluem nos programas de saúde atenção às negras e não possuem programas voltados para as mulheres indígenas.