Gabriela Guerreiro
Enviada especial*
Porto Alegre – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) também vai marcar presença na marcha de abertura do 5º Fórum Social Mundial. Ao lado de outros movimentos em defesa da reforma agrária, como a Via Campesina e o Movimento dos Atingidos por Barragens, mil integrantes do MST vão participar da Marcha da Solidariedade entre os Povos Excluídos de todo o mundo.
Este ano, os integrantes do MST vão caminhar lado a lado de trabalhadores rurais da Índia e de outros países da Ásia na tentativa de unir a causa da luta pela terra. "As marchas, tradicionalmente, são o momento em que a gente pode demonstrar toda a pluralidade do fórum, toda a diversidade cultural e artística e, principalmente, esse nosso sentimento de solidariedade e fraternidade entre os povos excluídos internacionalmente. É possível e é preciso lutar por mundo melhor, mais do que tudo hoje", ressaltou um dos representantes do MST, Miguel Stédile.
Assim como os trabalhadores rurais, mulheres, jovens e ativistas de vários movimentos sociais vão participar da marcha de abertura do fórum. Os participantes do Movimento Anti-Manicomial, por exemplo, dedicaram parte da manhã de hoje à confecção de faixas e cartazes pelo fim da internação de pacientes em hospitais psiquiátricos em todo o país. "O movimento tem hoje amplitude nacional e tem como fundamento a luta por uma sociedade sem manicômios e pelo fim do preconceito com os pacientes", ressaltou Patrícia Villas Boas, do Movimento Nacional da Lluta Anti-Manicomial.
Além de conscientizar os participantes do fórum pelo fim das internações, o movimento quer aproveitar a marcha para entrar em contato com outras causas apresentadas no FSM. "A idéia é que a gente possa entrar em contato com todas as lutas sociais aqui presentes para colocar a nossa questão do fim do encarceramento, para que as pessoas que sentem e pensam de forma diferente tenham o direito de pensar e sentir de forma diferente na própria sociedade, e não trancadas em manicômios", ressaltou.
No Acampamento da Juventude, montado no Parque da Harmonia do Fórum Social Mundial, cerca de 50 jovens do movimento Terrau – Território Anticapitalista – prepararam faixas para politizar a marcha. "A gente está aqui para juntar todas as tendências, os partidos, em uma só marcha por um mundo melhor", disse o jovem Neimar Anderson Oliveira, de Arapiraca (AL).
A Marcha Mundial das Mulheres, um movimento feminista internacional que luta contra a pobreza e a violência sexista, vai apresentar com bom humor questões presentes no cotidiano das mulheres em todo o mundo. A legalização do aborto e a estética imposta pela mídia ao sexo feminino estão no centro das discussões promovidas pelo movimento. Fantasiadas com seios postiços, perucas e roupas extravagantes, as mulheres vão fazer em plena marcha uma batucada improvisada com instrumentos feitos com latas de tintas e tonéis de plástico. "É uma intervenção mais lúdica para aproximar o debate", ressaltou Karol Kalef, da organização do movimento.
*Colaborou Christiane Peres