Aloisio Milani
Enviado especial
Porto Alegre – Mais de 80 entidades da sociedade civil de todo o mundo vão se unir para uma grande convocação internacional pela erradicação da fome e da pobreza no mundo. A Chamada Global de Ação contra a Pobreza será lançada amanhã (27), no Fórum Social Mundial 2005, e terá como convidado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Chamada Global surgiu em setembro de 2004, no mesmo mês em que Brasil, Chile, França, Espanha, apresentaram às Nações Unidas um relatório com sugestões para levantar um fundo de combate à miséria. Porém, a Chamada Global é uma iniciativa da sociedade civil e que reivindica mudanças no próprio modelo de desenvolvimento e cooperação internacional para o cumprimento das Metas do Milênio, estabelecidas pela ONU.
"Chegamos a essa conclusão por dois motivos: o primeiro é porque já não dava para agüentar todas as promessas que os governos e as instituições internacionais fazem e que são quebradas sistematicamente. O segundo é que 2005 é um ano fundamental para mudanças importantes no plano internacional", explicou o diretor da Action-Aid Internacional e um dos coordenadores da Chamada Global, Adriano Campolina.
Neste ano, o G-8, grupo dos mais países mais ricos do mundo, realiza a Cúpula do Milênio para avaliar o cumprimento das metas sociais. Haverá também a Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Em todos os encontros, a Chamada Global pressionará os líderes mundiais para que assumam compromisso de erradicar a pobreza.
"Essas três reuniões serão um oportunidade fantástica para que se consigam compromissos e mudanças concretas", disse Campolina, em entrevista à Radiobrás.
A campanha, que surgiu com mais de 50 países, ainda não está enraizada no Brasil. O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) é uma das poucas entidades na articulação mundial. "Nosso objetivo é criar um braço brasileiro da campanha e pautar o tema na sociedade. Precisamos criar as bases para fortalecer a Chamada Global no país", afirmou um dos organizadores do Fórum e diretor-geral do Ibase, Cândido Grzybowski.
As reivindicações da campanha passam por três linhas: comércio internacional, com a redução de subsídios dos países ricos e fim das condicionalidades dos organismos internacionais para liberalização das economias pobres; cancelamento da dívida externa dos países pobres por meio de um processo transparente; e, por fim, o aumento da ajuda humanitária dos países desenvolvidos para erradicar a fome e a pobreza.