Conselho de Economia de São Paulo diz que aumento da Selic já era esperado pelo mercado

18/11/2004 - 11h54

Paulo Montoia
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Em matéria publicada com destaque em seu site, o Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon) diz que o aumento da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), pela terceira vez consecutiva, "já era esperado". Diz ainda a matéria que "a decisão unânime, já era esperada pelo mercado e reflete a piora das expectativas em relação aos preços". O Corecon destaca que a decisão foi tomada "sem viés", o que significa que "a taxa não pode ser alterada antes da reunião de dezembro".

Em entrevista à Agência Brasil, Carlos Eduardo Oliveira Júnior, um dos 24 membros do conselho, disse que "não esperava tanto. Esperávamos aumento de 0,25% e veio 0,50% de uma vez" e mostra que "o governo está determinado a conter a inflação que já está ocorrendo".

A taxa de inflação divulgada hoje pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) para a segunda semana de novembro foi de 0,68%. É a sexta semana consecutiva de aumento do índice IPC-Fipe, que reflete a inflação de produtos ao consumidor.

"De uma certa maneira se controla a inflação, mas se inibe o crescimento econômico que está ocorrendo, principalmente porque eleva as taxas bancárias de financiamento e isso prejudica as empresas", diz Oliveira Júnior. Mesmo assim, segundo ele, "com certeza este vai ser um dos melhores natais dos últimos anos".

Quanto a outras alternativas de controle inflacionário ou que minimizem o impacto recessivo da elevação da taxa Selic, Eduardo diz que não há uma posição oficial do Conselho. Como economista e sem falar pela entidade, ele acredita que "o governo deve criar mecanismos que garantam crédito a juros mais baixos, tanto às empresas quanto às pessoas físicas".

Questionado sobre os níveis das taxas de lucros dos bancos privados, muito elevados mesmo considerando-se a taxa Selic definida pelo Copom, o economista ressalta que "o assunto tem sido debatido já há um ano, sem conseno ou adoção de qualquer medida."