Montoro: alta da Selic deve agravar em R$ 2,5 bilhões a dívida interna do governo

21/10/2004 - 16h32

Pedro Malavolta
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Para o economista e professor titular da Universidade de São Paulo (USP), André Franco Montoro Filho, o aumento da taxa Selic de juros tem impacto relativo na queda da inflação e "um impacto fiscal perverso". Segundo suas estimativas, o aumento da taxa pode elevar em R$ 2,5 bilhões os gastos do governo federal com a dívida pública.

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual ontem (20), elevando a taxa anual para 16,75%. Essa taxa regula a remuneração dos títulos da dívida pública federal e serve de referência para as outras taxas de juros.

"Esse aumento deve aumentar a dívida pública em R$ 2,5 bilhões, o que é mais do que o governo investiu durante todo este ano", declarou Montoro Filho. O economista participou hoje do debate Conjuntura e Crescimento Econômico, organizado pelo Conselho Regional de Economia de São Paulo.

Segundo Montoro Filho, uma alteração na taxa básica não deve causar um aumento significativo dos juros cobrados para quem compra. "As taxas de juros na ponta estão muito altas, não acredito que se possa aumentar mais do que isso", explicou. De acordo com ele, os juros para pessoas físicas estão em 100% anuais e os para empresas entre 60 e 70%. "Um aumento de meio ponto percentual não vai alterar", avaliou.