Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da Comissão de Direitos Humanos - na época em que documentos sobre casos da ditadura militar foram entregues pelo cabo José Alves Firmino - Pedro Wilson considera que investigações sobre a ditadura são sempre válidas pelo fato de ainda haver desaparecidos políticos. "Acho importante que todos os documentos sejam de conhecimento público, inclusive para que ajudem na investigação dos desaparecidos e para que se dê satisfação aos familiares dessas pessoas", defende Wilson.
Pedro Wilson reiterou que, na época, cópias de todos os documentos foram distribuídas à Secretaria Nacional de Direitos Humanos, do Ministério da Justiça, à Presidência da República e às bibliotecas da Câmara dos Deputados, da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de Goiás (UFG).
"Nós tivemos a preocupação, então, de entregar toda essa documentação a esses órgãos, até porque corria o risco de a documentação desaparecer. A comissão tinha pouca estrutura de arquivo. Então, no sentido de preservar o estudo, a informação e fazer a possível conexão com outras documentações, resolvemos fazer as cópias", afirmou Wilson.
O ex-assessor Augustino Veit disse que ele próprio acompanhou o então deputado Agnelo Queiroz, também integrante da Comissão de Direitos Humanos à época, na entrega dos documentos ao reitor da UnB, João Cláudio Todorov. O paradeiro dessas cópias levadas à UnB não é conhecido, segundo a diretora substituta da Biblioteca Central (BCE) da universidade, Maria José Moreira Serra.
Funcionária da BCE há 24 anos, Maria José disse que não há registro da entrada de qualquer documento da época da ditadura, encaminhado pela Comissão de Direitos Humanos à biblioteca.
"Temos sim, na seção onde registramos tudo sobre a universidade, recortes de jornais e toda citação sobre professores e alunos que sofreram perseguição na época da ditadura, como por exemplo, do caso Honestino Guimarães", afirmou. Maria José disse ainda ter recebido uma resposta negativa ao investigar junto à reitoria se havia algum encaminhamento de documentos da ditadura pela Comissão de Direitos Humanos.
Para Veit, seria importante que os documentos entregues pelo cabo Firmino fossem catalogados para posteriores pesquisas. "Nós atribuímos muita importância histórica a esses documentos, até porque ainda vige a lei da anistia. (...) Nós ficamos com os originais na Comissão para que qualquer historiador, estudante ou cidadão pudesse ter acesso. A única coisa que não conseguimos fazer foi catalogar o material como fazem os profissionais que trabalham em bibliotecas, por isso entregamos cópias às bibliotecas citadas, para que lá os documentos tivessem o tratamento adequado", explicou o ex-assessor da comissão.