Ampliação do acesso sem garantia de qualidade prejudica educação básica

02/06/2004 - 17h52

Brasília, 2/6/2004 (Agência Brasil - ABr) - O presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), professor Eliezer Pacheco, disse hoje que o grande problema enfrentado pela educação básica no país tem sido a ampliação do acesso sem a garantia da qualidade do aprendizado. Segundo ele, para reverter essa realidade será preciso organizar uma mobilização nacional de prefeitos e governadores para a implantação do Ano da Qualidade da Educação, que será comemorado em 2005.

O Inep divulgou hoje pesquisa que mostra que o número de alunos reprovados na educação básica vem aumentando nos últimos anos. De acordo com os dados revelados, hoje, pela Sinopse da Educação Básica de 2003 cerca de 4 milhões de estudantes foram reprovados em 2002, um aumento de 5% em relação a 2001, quando o índice registrado foi de 3,9 milhões.

O levantamento, elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira do Ministério da Educação (Inep/MEC), demonstrou também que o maior percentual de reprovações está na região Nordeste, onde 45% dos alunos demonstraram ter dificuldades de aprendizagem e acabaram repetindo o ano escolar. A região Sudeste alcançou o segundo lugar, com 23% dos estudantes sendo reprovados.

"A gestão do ensino básico está nas mãos dos estados e municípios, mas isso não diminui a responsabilidade do Ministério da Educação. Nós temos consciência de que temos de fazer uma grande mobilização nacional, envolvendo estados e municípios, no sentido de fazer de 2005 o Ano da Qualidade na Educação Básica", ressalta ele.

O presidente do Inep ressaltou que esse trabalho já está sendo feito pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sempre alerta a prefeitos e governadores sobre o problema. "O presidente esteve reunido com prefeitos em Goiânia e teremos várias reuniões com secretários estaduais e municipais. O governo federal, a partir do próprio Presidente da República, está empenhado em colocar a qualidade da educação básica no centro do debate político nacional", afirmou o professor.

Segundo Pacheco, o fato de o Nordeste aparecer na pesquisa com índices insatisfatórios demonstra o quanto a má distribuição de renda compromete as políticas públicas que sempre foram direcionadas para região. "Desde a era Vargas, depois veio a Sudene, sempre existiram políticas focadas na região, mas os indicadores não melhoram porque há problema da estrutura da propriedade, estrutura de renda, da riqueza daqueles estados", explicou ele.

Embora os números de repetência tenham crescido, a boa notícia ficou por conta do aumento do número de alunos atendidos pelo programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). O programa recebeu 16% a mais de alunos nas salas de aula da quarta-série. Para o professor Pacheco, o bom resultado foi reflexo dos investimentos do governo na alfabetização de adultos e na competitividade do mercado, que levou as pessoas a procurar a educação como forma de melhorar o emprego.

"Nós últimos três anos nós tivemos políticas de financiamento da Educação de Jovens e Adultos, coisa que não tínhamos antes, o que faz com que estados procurem ampliar suas vagas. Por outro lado, é normal que os jovens procurem o estudo para se qualificar e ir mais preparado para o mercado de trabalho", constatou Pacheco.