No Chile as meninas fumam mais do que os meninos

31/05/2004 - 14h46

Brasília, 31/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O tabaco, segundo informações do Hospital do Câncer, é responsável por 90% dos tumores de pulmão e 60% dos de esôfago. Estudo da Pontifícia Universidade Católica (Puc) do Chile investigou a prevalência e principais características do fumo em estudantes chilenos. O resultado espanta pelos números: mais de 64% dos jovens declararam já ter fumado cigarro alguma vez na vida.

O estudo, que também pesquisou a influência de variáveis psicossociais e epidemiológicas no consumo de tabaco pelos estudantes, procurou considerar uma escala nacional de jovens, abordando mais de 16 mil escolares. As idades dos jovens variaram entre seis e 17 anos e foram estabelecidas cinco categorias para o consumo de cigarro: já experimentou cigarro, fumante diário (pelo menos um cigarro por dia), fumante ocasional (menos de um cigarro por dia), fumante real (fuma diariamente e ocasionalmente) e ex-fumantes (se mantêm sem fumar pelo menos até um mês antes da entrevista).

Variáveis como idade quando começou a fumar, conhecimentos dos efeitos do fumo sobre a saúde e perspectivas futuras de consumo também foram abordadas, assim como fatores que possam ter influenciado o jovem a fumar, como uso entre os pais e amigos, e a fonte de obtenção do cigarro.

A pesquisa revela que, enquanto 64,1% dos alunos chilenos já experimentaram cigarro, 67,7% das estudantes afirmam que já utilizaram tabaco, sendo menor esse número entre os garotos: 60,4% dos jovens já fumaram alguma vez na vida. "Esta diferença de consumo entre os sexos se acentuou ainda mais a partir da 7ª série, chegando a alcançar o índice de 73% de meninas que já fumaram. Em ambos os sexos, o fumo aumentou conforme a idade dos alunos, porém sempre com taxas mais elevadas para as mulheres", diz o estudo publicado na Revista Médica do Chile.

O nível socioeconômico também se mostrou decisivo para o fumo entre os jovens chilenos. Quanto mais baixo esse parâmetro, mais altas foram as taxas de fumantes, o que foi mais explícito a partir dos 11 anos de idade. Já a idade média para o primeiro contato com o cigarro foi de 12,34 anos, sendo que os meninos começam a fumar mais cedo do que as meninas. Entre os fumantes reais, 46% deles fumam menos de cinco cigarros entre 2ª e 6ª feira.

O estudo também constata que jovens filhos de pais que fumam têm maior risco de se tornarem fumantes, principalmente se é a mãe quem fuma. Os pesquisadores constataram que quando os pais proíbem o fumo entre os jovens há uma queda de até 34% no uso do tabaco. Quanto ao consumo futuro, quase 70% dos fumantes diários afirmam que manterão ou vão aumentar a quantidade de cigarro, enquanto só 30% pensaram em largar o vício.

Os locais mais procurados para fumar também foi levantado. Dos jovens abordados, 80% fumam nas proximidades da escola, em praças próximas, principalmente após o término da aula. "Nós constatamos elevada prevalência de contato com o cigarro entre os estudantes e em uma larga amostra, o que evidencia que o risco de uma pessoa se tornar fumante se dá precocemente, já na vida escolar", destacam os cientistas no trabalho.

Para eles, a situação da mulher nesse contesto de jovens fumantes é preocupante: "a prevalência de consumo é maior na mulher já desde cedo e pode representar o contexto de mudanças que são percebidas no papel sócio-cultural da mulher", lembram. E também destacam a importância de se analisar hábitos e comportamentos dos estudantes que não fumam, para identificar prováveis alternativas de combate ao vício: "à luz desses resultados, as políticas de controle e prevenção do fumo em escolares devem ser iniciadas precocemente na vida, antecedendo a idade crítica para o consumo", concluem. (Agência Notisa)