Líderes da base buscam apoio do governo para convencer deputados a votarem mínimo de R$ 260

31/05/2004 - 18h37

Iolando Lourenço e Gabriela Guerreiro
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - Na semana que antecede a votação do salário mínimo na Câmara dos Deputados, os líderes da base aliada buscam apoio do próprio governo para convencer os deputados a aprovarem os R$ 260 fixados em Medida Provisória pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o líder do Governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP), em rápido encontro hoje na Base Aérea de Brasília, o presidente delegou aos ministros do Trabalho, Ricardo Berzoini, e da Previdência, Amir Lando, a missão de convencer os parlamentares a aprovarem a MP.

O líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), quer também promover uma reunião da bancada petista com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, ou do Planejamento, Guido Mantega, para que expliquem aos deputados as razões que levaram o governo a não conceder um aumento superior a R$ 260. Segundo o líder, a reunião deve ocorrer na próxima quinta-feira.

O líder do Governo disse que o ministro Palocci poderá se reunir com os líderes partidários no Palácio do Planalto para mostrar os números do governo e todas as simulações que foram feitas para chegar aos R$ 260. Luizinho saiu em defesa do valor e do presidente Lula. "Todos sabem que se o salário mínimo pudesse ser maior, o presidente teria dado. Esse é o maior poder de compra desde 1995", enfatizou.

Os partidos aliados vão promover reuniões ao longo da semana para discutirem o reajuste do mínimo, já que existem várias sugestões de mudanças no valor de R$ 260. O PMDB apresentou proposta que eleva o mínimo para R$ 300. O líder do PMDB na Câmara, deputado José Borba (PR), admitiu que os números que vêm sendo apresentados pelo governo demonstram que não é possível elevar o mínimo para R$ 300. "A orientação é que haja ação de todos os ministros para que construam saída que corresponda ao que o presidente defende", disse.

Borba afirmou que a sua bancada não quer ser o "patinho feio" da história como ocorreu na votação da reforma da Previdência – quando o PMDB e os aliados na Câmara aprovaram mudanças fixadas pelo Executivo que causaram reações negativas junto aos servidores públicos que, depois, foram amenizadas pelo Senado Federal. "Na PEC paralela acabamos sendo protagonistas do mal, e o Senado do bem", lembrou.

Assim como os demais ministros, os peemedebistas, segundo Borba, estão conversando com os parlamentares aliados para aprovarem os R$ 260.

O governo também faz as contas dentro do próprio PT. Dos 89 deputados petistas, 21 ameaçam votar contra a MP do mínimo. Na última quinta-feira, o líder Chinaglia e o presidente do PT, José Genoíno, se reuniram com o grupo contrário aos R$ 260 para apresentar as razões que levaram o governo a fixar o valor do salário mínimo. O objetivo dos líderes é convencer os petistas contrários à MP a mudarem de opinião com o argumento de que o maior interessado em conceder um reajuste maior é o próprio presidente Lula.

Já o vice-líder do PFL, Pauderney Avelino, disse que o partido vai continuar defendendo um salário mínimo maior que R$ 260. O PFL e o PSDB na Câmara têm proposta para elevar o mínimo para R$ 275. "Estamos trabalhando para R$ 300. Os recursos para esse aumento virão do aumento de receitas orçamentárias e do corte de emendas parlamentares", disse Avelino.