China recusa a quarta carga de soja brasileira em pouco mais de 30 dias

31/05/2004 - 18h34

Brasília, 31/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - Pela quarta vez em pouco mais de 30 dias, a China recusa uma carga de soja brasileira, alegando que o produto está contaminado com sementes tratadas com fungicida. Na manhã de hoje, a embaixada brasileira em Pequim comunicou ao Ministério da Agricultura a nova decisão chinesa. O carregamento tem pouco mais de 61 mil toneladas, foi embarcada no navio Elefthéria, no porto de Santos e pertence à Cargil.

As três cargas recusadas anteriormente saíram do porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, nos navios Bunga Saga Tojuh, com 59 mil toneladas; Bunga Saga X, com 60 mil, e Nord Star, com 59 mil toneladas.

Em Rio Grande, 22 técnicos do ministério aguardam a chegada, amanhã, dos secretários de Defesa Agropecuária, Maçao Tadano, e de Apoio Rural e Cooperativismo, Waldemiro Rocha, para intensificar as investigações que vão determinar a origem das sementes de soja tratadas com agrotóxicos.

Depois de constatada a procedência e os volumes contaminados que foram misturados com a soja sadia, serão tomadas providências, como punir aos responsáveis. Para Maçao Tadano há várias hipóteses para o problema, desde um acidente sem intenção, até à mistura proposital de sementes tratadas, como forma de desovar o produto, junto com os grãos sadios. Neste caso, o assunto será tratado como crime e os responsáveis, punidos. As investigações no momento estão sendo feitas no porto, armazéns e cooperativas do Rio Grande do Sul.

Para Tadano, as autoridades não devem ter tolerância com a exportação de soja tratada, destinada ao consumo humano. "A tolerância deve ser zero, pois se nós não aceitamos consumir produtos contaminados, não devemos vendê-los a outros países".

O secretário também reconheceu que estes problemas com a China estão prejudicando as exportações de soja brasileira e há uma queda acentuada nos preços. "Os prejuízos já são consideráveis, mas somente teremos um balanço disto ao final das investigações".

Com a recusa dos quatro navios brasileiros nos últimos dias, a China também suspendeu as importações de soja fornecida pelas Cargil Agrícola e Cargil Internacional, Trevisan, Bianchini, ADM do Brasil, Dreifus, Líbero Trading e Noble Grain.

Nos próximos dias, o Ministério da Agricultura divulga uma instrução normativa sobre a tolerância de impurezas nos carregamentos de soja. As impurezas podem ser vagem, torrões ou hastes, por exemplo. Segundo Tadano, no Brasil o volume de impureza já chegou a 9% e agora está em torno de 1%, por tonelada. Um grupo de trabalho passou o dia de hoje discutindo o assunto e o secretário acredita que a instrução normativa saia ainda nesta semana.