Custo de vida permaneceu estável em São Paulo em abril, informa Dieese

05/05/2004 - 14h20

São Paulo, 5/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Índice do Custo de Vida (ICV) registrou alta de 0,06% em abril no município de São Paulo, de acordo com a pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). O índice foi inferior ao apurado em março, quando a inflação subiu 0,47%. Os principais responsáveis pela queda foram alimentação (-0,33%) e transportes (-0,11%), que reduziram o impacto da alta apurada em saúde (0,59%), vestuário (0,53%) e habitação (0,12%). Na avaliação do Dieese, o ICV reflete a estabilidade de preços em inúmeros setores, já que nenhum item está pressionando para alta nem baixa. As expectativas para maio são otimistas.

Segundo a coordenadora de pesquisa de preços do Dieese, Cornélia Nogueira Porto, o item saúde vem pressionando a inflação desde 1997. Ela observou que, por menor que seja a taxa de inflação, a saúde sempre é maior que o índice geral. Em abril os principais motivos foram o aumento dos seguros e convênios médicos e dos medicamentos. "Esse é um setor bastante oligopolizado, que aumentou muito seus preços nos últimos tempos. Os medicamentos também, mas a partir de 2000 os preços dos remédios maneiraram devido à entrada dos genéricos no mercado".

O recuo da alimentação se deve a fatores sazonais refletidos principalmente pelo subgrupo in natura e semielaborados (-0,79%), como frutas, hortaliças e carne. "Como as chuvas pararam, as hortaliças que vinham subindo muito tiveram queda nos preços. A carne também teve queda porque estamos no período de safra", disse Cornélia Porto,

Ela completou que o comércio acaba não aumentando os preços devido ao quadro recessivo da economia. "Os comerciantes sabem que, se aumentarem os preços, não vendem".

Para Cornélia, não há sinais de que algum item possa pressionar a inflação. "Pode ser que o transporte coletivo exerça alguma pressão se for reajustado, mas ainda não sabemos se haverá o reajuste porque estamos em ano eleitoral e essa é uma decisão mais política do que de mercado", analisou.

Até o final deste ano o ICV deve ter elevação pequena, afirmou a coordenadora. Mas, segundo ela, isso dependerá muito da negociação das tarifas públicas que deve acontecer no meio do ano.