Condições do porto de Paranaguá podem gerar perdas de US$ 1 bilhão na safra 2003/2004

05/05/2004 - 18h53

Brasília, 5/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - Na safra 2003/2004, o Brasil pode perder US$ 1 bilhão devido a problemas no Porto de Paranaguá, segundo estimativa do consultor para assuntos de infra-estrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antônio Fayet.

A análise tem como base dados da Associação das Indústrias de Óleos Vegetais e da Associação dos Exportadores de Cereais. Segundo Fayet, os problemas estão ligados ao desperdício, mudanças de rota por deficiências operacionais e multas por demora no embarque da mercadoria. Fayet afirma que esses entraves são gerados por uma gestão inadequada dos portos. "O dinheiro para investimento é importante, mas o mais importante é a gestão", argumenta.

De acordo com Fayet, as dificuldades de escoamento de grãos não será maior devido à quebra na safra 2003/2004. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a quebra de produção será de 10,7 milhões de toneladas, com um volume de 120,1 milhões de toneladas. "Se a produção, principalmente de soja, tivesse se confirmado, teríamos um caos", afirma.

O consultor sugere que os armazéns dos portos funcionem 24 horas, para evitar as filas de caminhões. "São ineficiências que acabam aumentando o Custo Brasil e reduzindo a renda dos produtores rurais", argumenta. Para Fayet, um navio, com capacidade para 60 mil toneladas de grãos, paga um multa de cerca de US$ 40 mil, por dia de atraso. "Como a maioria desses navios é estrangeira, isso é uma sangria de divisas do Brasil também. Por isso, os portos têm que trabalhar 24 horas", defende.

Outra solução seria o investimento em rotas alternativas para o escoamento da safra do Centro-Oeste. "O investimento em novos corredores de exportação, como os portos de São Luiz do Maranhão, do Rio Madeira e Santarém são alternativas muito mais econômicas para essa região. Para investir nesses novos corredores, a iniciativa privada tem todo o interesse, basta que venha o marco regulatório", afirma.

Para o consultor, o país precisa investir na recuperação das rodovias, ampliação de capacidade de armazenagem e adequação do setor ferroviário para atender a crescente demanda externa por produtos agropecuários brasileiros.