Depoimento de ex-chefe do FBI no Brasil ao Senado será no dia 28

13/04/2004 - 22h12

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Eduardo Suplicy (PT-SP), transferiu para o dia 28 de abril, às 9 horas, o depoimento do ex-chefe do Federal Bureau Investigation (FBI) no Brasil, Carlos Alberto Costa.

A decisão foi tomada de comum acordo com o presidente da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, deputado Carlos Meles. Em sessão reservada, o ex-chefe do FBI discutiria com deputados e senadores as declarações que deu a revista Carta Capital de que os serviços de inteligência dos Estados Unidos "compraram" a Polícia Federal brasileira.

A audiência foi cancelada por causa das sessões da Câmara e do Senado que entraram noite adentro. No Senado, estava na pauta a votação de medida provisória que cria 2.800 cargos de confiança na Administração Pública Federal. Para tentar um acordo, o relator da matéria, Delcídio Amaral (PT-MS), requereu o adiamento para amanhã da votação da MP.

Também foi cancelada a audiência pública da Comissão de Relações Exteriores do Senado que ouviria, amanhã, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, o ministro-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), general Jorge Félix, e o diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, sobre as denúncias publicadas pela revista Carta Capital.

No dia 24 de março último, a revista Carta Capital publicou entrevista com o ex-chefe do Federal Bureau Investigation (FBI) Carlos Alberto Costa. As atribuições oficiais do FBI restringem a atividade de seus funcionários a investigações de crimes federais dentro dos Estados Unidos. Na entrevista, Carlos Alberto Costa disse que agentes norte-americanos atuam de forma ostensiva no Brasil, cooptando policiais federais e segmentos da imprensa.

"Uma das importantes funções que nós temos na embaixada é manipular a mídia brasileira", afirmou o agente norte-americano ao jornalista Bob Fernandes. O ex-chefe do FBI foi ainda mais longe em sua entrevista. Ressaltou que não só o FBI, mas outros órgãos de contra-informação dos Estados Unidos "compraram" a Polícia Federal brasileira, repassando dinheiro para contas privadas de servidores da instituição.

Na reportagem publicada por Carta Capital, Carlos Alberto Costa não poupou, também, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Segundo ele, trata-se de um serviço secreto sem missão que não atua no exterior como deveria e restringe-se a investigar o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) "e outros cidadãos brasileiros mais ou menos ilustres".

O ex-chefe do FBI não confirmou nem desmentiu a pergunta do jornalista Bob Fernandes de que teria recebido ordens do governo norte-americano para "grampear" os palácios da Alvorada (residência oficial do Presidente da República) e do Itamaraty (sede do Ministério das Relações Exteriores). Carlos Alberto Costa se disse surpreso com a informação do jornalista e encerrou o assunto: "não confirmo nem desminto. Ponto final".