Líder comunitário da Rocinha pede respeito da polícia do Rio aos moradores

13/04/2004 - 19h26

Aline Beckestein
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O confronto entre facções que disputam o controle do tráfico de drogas na Rocinha, além de ter provocado a morte de 10 pessoas, alterou completamente o dia-a-dia dos moradores da comunidade. Hoje, as agências da Caixa Econômica e do Banerj da favela não abriram. Mais de 10 mil alunos continuam sem aulas nas três escolas públicas da região.O trabalho dos garis nos becos e vielas também foi praticamente suspenso, e os centros comunitários reduziram drasticamente suas atividades.

De acordo com o presidente da União Pró-Melhoramento da Rocinha, William de Oliveira, a população da favela impôs a si mesma um toque de recolher: eles evitam ao máximo chegar em casa após às oito horas da noite, e muitos têm que pedir autorizações parar sair mais cedo do trabalho. Segundo ele, mesmo com aparente trégua, os moradores temem que o conflito possa recomeçar a qualquer momento.

O líder comunitário também fez um apelo à polícia "para que tratem os nossos moradores com dignidade". De acordo com William, a pesar da importância da ocupação policial, ele já recebeu várias reclamações de invasões a casas com perdas materiais e desrespeito na abordagem a moradores. "O povo da Rocinha já teve um longo feriado de terror. A polícia tem que entrar para dar segurança, e não impor mais medo", afirmou.