Embrapa anuncia método de diferenciação entre gado vacinado e o infectado pela aftosa

13/04/2004 - 12h33

Brasília, 13/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento mantém um grupo de discussões sobre temas relacionados à carne bovina – da cadeia produtiva à mesa do consumidor. Um dos temas em permanente debate é a febre aftosa, que o governo brasileiro pretende erradicar do país. Caminhando nessa direção, o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Carlos Bloch, desenvolveu um novo método de diferenciação entre o gado que está apenas vacinado e o que está infectado pelo vírus da febre aftosa.

A proposta foi apresentada hoje à Camara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina do ministério e se baseia no desenvolvimento do anti-anticorpo do vírus, já que a presença de anticorpos da aftosa na vacina mascara a própria doença. "As metodologias atuais têm como base a detecção indireta, a partir de anti-corpo contra o anti-corpo do vírus. A nossa proposta é a detecção das proteínas do vírus ativo dentro da célula do hospedeiro", afirma Bloch, acrescentando que o novo método vai trazer mais precisão na detecção e nos tipos de variantes da aftosa que possam ocorrer, além de exercer maior controle de qualidade das vacinas, que poderão se tornar mais eficientes.

Para Kepler Euclides Filho, técnico da Embrapa para Gado de Corte, esse tipo de controle tem grande importância para a implementação das políticas de certificação e rastreamento do gado, propostas pelo Ministério. ‘‘Nesse aspecto, manter o controle (da doença) com vacinação e ter um instrumento que permite assegurar se o animal foi vacinado e não é doente, abriria as portas do mercado, com certeza", assegurou.

Outra inovação proposta por Carlos Bloch é a utilização de um método direto de identificação de resíduos de proteínas de origem animal na ração servida ao gado bovino. Segundo o pesquisador, o método - conhecido como "espectometria de massa’’ - é capaz de identificar moléculas de algumas proteínas-chave, como a hemoglobina, presente no sangue, além daquelas encontradas na farinha de osso do animal. A presença de proteína animal na ração é uma prática proibida por lei. Com o novo controle, seria possível garantir o cumprimento da lei, além de assegurar mais qualidade na carne que chega à mesa do consumidor.