CUT leva a Lula projetos para recuperação do salário mínimo e geração de empregos

13/04/2004 - 15h27

São Paulo, 13/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - Um projeto para a recuperação real do salário mínimo e outro para a geração de empregos serão apresentados pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima sexta-feira (16). A informação foi dada pelo presidente da CUT, Luiz Marinho, após a primeira parte da reunião da direção nacional da central, hoje em São Paulo. Durante a reunião, foram debatidas questões como a conjuntura política e econômica do país e as ações estratégicas a serem adotadas pela CUT, além do posicionamento da central sobre o texto final da proposta de reforma sindical concluída, na semana passada, pelo Fórum Nacional do Trabalho.

Segundo Marinho, o estado (nas três esferas – municipal, estadual e federal) precisa se comprometer com a geração de empregos, que se tornaria um indicador no modelo de desenvolvimento. "A geração de empregos tem que ser vista como prioridade, tem que ser buscada assim como se busca a meta de inflação, dos juros, do superávit, entre outras". Para ele, deve haver planejamento sério sobre o número de empregos, renda, distribuição de renda, item importante para a retomada do crescimento. A proposta será de que o governo contrate emergencialmente no mínimo um milhão de pessoas nos grandes centros. "A idéia é fazer isso com recursos da união, complementados pelos estados e possivelmente pelos municípios".

Com relação ao salário mínimo, a proposta da CUT será de R$ 300,00, em princípio. Marinho ressaltou, porém, que serão sugeridas ao presidente medidas para a recuperação gradativa do salário mínimo. "Nós devemos, enquanto sociedade brasileira, assumir a importância de recuperar o salário mínimo como indicador da distribuição de renda". O sindicalista destacou que, de acordo com o previsto na Constituição, a projeção da CUT para o salário mínimo é de R$ 1.400,00. "É impensável praticar esse valor atualmente, mas talvez daqui a 20 anos isso não seja impensável. É preciso ter uma negociação que envolva governos, congresso, empresariado, centrais sindicais e a sociedade como um todo para que isso seja um compromisso".

Marinho afirmou que a CUT proporá a aprovação de uma resolução que considere o texto da reforma sindical, obtido no Fórum Nacional do Trabalho, a base da intervenção da central na discussão com o Congresso Nacional. "Essa não é a proposta que nenhuma das centrais sindicais faria ou que o governo e o empresariado faria, mas é uma proposta possível dentro desse debate que construiu um entendimento a partir da visão de cada um. Se nós participamos, debatemos, ajudamos a construir, convencemos e fomos convencidos, é preciso, a partir disso, transformar essa proposta numa base para viabilizar a aprovação no Congresso Nacional", disse. O presidente da CUT acrescentou que gostaria de um reforma mais ousada.

Na reunião, a CUT constatou que o ano de 2004 deve registrar crescimento na economia, mas não o suficiente para vencer todos os desafios. "Principalmente do ponto de vista do desemprego e da renda das famílias", salientou Marinho. De acordo com o sindicalista, a central concluiu que é necessário ajuste na economia brasileira a fim de propiciar condições para investimentos, além de criar um debate sobre as dívidas interna e externa e diminuir os juros reais praticados. "É preciso continuar o processo de redução dos juros e (para médio e longo prazo) olhar para a redução da carga tributária, que é um impedimento para o desenvolvimento econômico".

A reunião será seguida pelo seminário nacional "Desenvolvimento Econômico e Social e o Papel do Estado", marcado para amanhã (14) e depois. O objetivo, segundo Marinho, é analisar a situação econômica e política do país e discutir o melhor modelo de desenvolvimento para o Brasil. "Teremos também uma mesa para pensarmos em como financiar esse modelo de desenvolvimento, além de refletir sobre o papel dos fundos de pensão e como pensar em fortalecer o processo de desenvolvimento sustentado". Entre outros assuntos, será enfocado o papel do estado para a conquista da democracia e a questão do trabalho, relações de trabalho no Brasil e a estrutura sindical. "Ainda não conquistamos verdadeiramente um estado democrático. Precisamos ainda de muito aperfeiçoamento".

O encontro termina nesta sexta-feira (16), com ato público na região central da capital, denominado "Dia Nacional de Mobilizações".