Chanceler do Marrocos enfrenta críticas dos deputados brasileiros durante visita à Câmara

13/04/2004 - 13h31

Milena Galdino
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Enquanto o ministro de Negócios Estrangeiros do Marrocos, Mohammed Benaïssa, visitava hoje o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT/SP), um grupo de 21 deputados pedia a libertação do Saara Ocidental, uma região rica em petróleo que foi anexada pelos marroquinos em 1975.

Os deputados criaram a "Frente Parlamentar para Libertação do Saara Ocidental" para acompanhar um movimento que é conhecido no mundo como Frente Polisário. "O povo desta região não se considera marroquino", disse a deputada Maria José Maninha (PT/DF), autora da proposta da frente brasileira, cuja maioria dos integrantes é filiada ao PT. "Queremos promover debates e atividades que mostrem aos brasileiros a importância de este povo ter sua soberania, ou seja, de deixar de ser parte do Marrocos", explicou.

Maninha disse que a data para a instalação da Frente havia sido acertada antes do anúncio da visita do chanceler. "O fato de instalarmos a Frente não significa que deixamos de reconhecer o Marrocos como país, apenas deixa claro que reconhecemos o direito do Saara Ocidental de ter governo e parlamento independentes", ponderou a deputada.

Ao ser indagado sobre a criação da Frente Parlamentar pela Libertação do Saara Ocidental, o chanceler marroquino desconversou, alegando "falta de tempo para responder". Ele deixou apressadamente a Câmara dos Deputados rumo ao Senado e, logo após, seguiu para o Aeroporto Internacional de Brasília. O chanceler seguirá em visita pelos países do Mercosul.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, Celso Amorim e Mohammed Benaïssa reiteraram o apoio às decisões do Conselho de Segurança das Nações Unidas para alcançar uma "solução política definitiva e negociada" entre o Marrocos e o Saara Ocidental.

"O problema é que até hoje eles não concordaram em fazer o referendo de autodeterminação proposto pela resolução 2.229 das Nações Unidas", reclama a deputada Maninha, comparando o trabalho da Frente ao apoio dado pelos parlamentares brasileiros à independência do Timor Leste.