Brasília, 24/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - O secretário da Coordenação Nacional dos Servidores Públicos Federais (Cnesf), Gilberto Jorge, disse hoje que, em princípio, concorda com o aumento diferenciado para a categoria proposto pelo governo. O problema, segundo ele, é que a diferença será repassada por meio da gratificação de desempenho, que deixa de fora os aposentados. De acordo com a proposta apresentada pelo governo, os aposentados e pensionistas do serviço público federal devem receber apenas 10% do reajuste concedido aos trabalhadores na ativa.
O secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, explicou que a idéia do governo é conceder um aumento linear baixo e distribuir os recursos disponíveis, de R$ 1,5 bilhão, em forma de gratificação de desempenho. Segundo ele, quem ganha mais ou teve maiores perdas nos últimos anos, terá aumento maior.
Gilberto Jorge disse que os trabalhadores não irão negociar essa proposta, pois ela deixa de fora os aposentados. Segundo estimativas da Cnesf, cerca de 400 mil pessoas estão aposentadas ou ganham pensão no serviço público federal. "Queremos uma proposta que traga paridade entre passivos e ativos. Se o trabalhador na ativa ganhar 1% de aumento, o aposentado tem de ganhar a mesma coisa", afirmou.
A Censf sugeriu ao governo a criação de planos de carreira para corrigir as distorções. "Esta sugestão foi entregue ao governo em maio do ano passado, só que até agora não houve qualquer proposta neste sentido. Nem mesmo foi colocada na Mesa Nacional de Negociação Permanente a atual planilha de pagamentos", reclamou Gilberto Jorge.
Para discutir planos de carreira, representantes do governo irão se reunir, na próxima sexta-feira (26), no Ministério do Planejamento, com líderes sindicais. O governo tem R$ 911 milhões disponíveis para reestruturação de carreiras.