Brasília, 24/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - O Nordeste é a região brasileira que mais enfrenta problemas de abastecimento de gás. O déficit maior é principalmente nas termelétricas. Para resolver a situação, a Petrobras trabalha com três projetos que, tem por objetivo, contornar o problema.
O gasoduto Campinas/Rio de Janeiro, que tem como objetivo transportar o gás boliviano para o Nordeste; o Malhas Nordeste, gasoduto Catu/Pilar, que liga a Bahia a Pernambuco; e o Gasene, gasoduto que liga Sudeste ao Nordeste. A previsão é que as obras sejam iniciadas ainda este ano e que os gasodutos entrem em operação em 2005. Apenas o gasoduto Sudeste/Nordeste tem previsão de ínício das obras em 2005.
De acordo com o diretor de gás e energia da Petrobras, Ildo Luiz Sauer, que reuniu-se hoje com a bancada do Nordeste, os recursos para o início das obras já foram aprovados. Porém, ainda falta a licença de instalação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
"Estamos esbarrando com uma lei de 1979 que prevê que a área não edificada, sem nenhuma construção de gasodutos, seja de 45 metros. Ou seja, o gasoduto deverá ter uma área livre de 15 metro, para cada lado, sem nenhuma construção", observa Sauer.
Os recursos para cada projeto são de US$ 285 milhões para o gasoduto Campinas/Rio, US$ 153 milhões para o Catu/Pilar e de US$ 980 milhões para o Sudeste/Nordeste. Os recursos virão da Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e empresas privadas japonesas. Sauer informa que os recursos já foram todos aprovados.
Logo após a conclusão dos três projetos, a Petrobras prevê também a construção de um gasoduto no sul da Bahia, o projeto Manati, para produção de gás natural. De acordo com Guilherme Estrela, diretor de exploração e produção da Petrobras, serão produzidos até seis milhões de metros cúbicos de gás ao ano, até 2008.
Depois a produção cai para quatro milhões de metros cúbicos e entra em declínio. Apenas para esse projeto, a verba estimada é de R$ 1 bilhão. Estrela informa que as licitações para o andamento do projeto devem começar na próxima semana.
O Brasil consome 29 milhões de m³ de gás, em média, por dia. Destes, 13 milhões de m³ foram importados da Bolívia em 2003.
"A demanda prevista para os próximos anos não é suficiente com a atual infra-estrutura. Com esses quatro projetos concluídos, além de atender a toda a demanda de gás natural no Nordeste, podemos gerar divisas para o Brasil ao diminuir a importação da Bolívia", observa Sauer.