Monólogo de Sarah Kane sobre depressão ganha nova montagem

24/03/2004 - 14h46

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Curitiba - Projetada para ser a segunda causa de incapacitação e afastamento do trabalho na população mundial em 2020 (a primeira são as infecções respiratórias), a depressão ocupa hoje o quinto lugar entre essas doenças, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A depressão é um distúrbio crônico que leva à tristeza progressiva. Os sintomas se manifestam no trabalho, na perda da criatividade e no afastamento das relações sociais e afetivas. Isso piora ainda mais a doença, levando o paciente, muitas vezes, ao suicídio.

Foi o que aconteceu, em 1999, com a escritora inglesa Sarah Kane, aos 28 anos. Antes, porém, ela encontrou forças para escrever cinco peças retratando seu drama. O suficiente para colocar seu nome entre os principais da literatura inglesa contemporânea. Um deles, "4.48 Psicose", é encenado pelos atores Luciana Vendramini e Luiz Paetow e está em cartaz no Festival de Teatro de Curitiba, até o próximo domingo (28), sob a direção de Nelson de Sá.

O texto, traduzido para o português por Laerte Mello, é quase um monólogo. Intimista, a autora revela seus pensamentos num desenho, por meio das palavras, da própria mente. "Minhas peças nunca me pareceram ser sobre violência e crueldade. O assunto é como você consegue seguir amando e com esperança quando violência e crueldade continuam existindo", escreveu, certa vez, Sarah Kane. O espetáculo mostra ainda os tratamentos médicos, feitos basicamente pelo uso de fortes remédios, que deixam o paciente "adormecido".