Brasília, 24/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - A embaixadora da Palestina no Brasil, ministra Hala Fariz, afirmou, em entrevista à Radiobrás, que espera que a comunidade internacional constitua uma força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) para proteger o povo palestino no conflito com Israel.
Segundo a ministra, é responsabilidade da comunidade internacional colocar fim à "política do governo israelense, praticada há décadas, de assassinar líderes e a população civil". Ela disse que, após a morte do líder espiritual do Hamas, Xeque Ahmed Yassin, outros líderes palestinos correm perigo de vida, inclusive o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat.
"Israel tem um governo tão radical, tão racista que está praticando crimes e falando que quer a paz, mas a paz não pode passar em cima dos cadáveres palestinos. Há dois anos bombardeiam o prédio onde está Yasser Arafat. Pelo que sei o Hamas não atinge líderes israelenses. Somos contra matar a população civil de qualquer lado, mas praticar o direito de resistência é um direito reconhecido", disse Hala Fariz.
O líder Ahmed Yassin foi assassinado esta semana por tropas israelenses enquanto deixava uma mesquita depois de sua oração matinal. A embaixadora acusa o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, de abrir precedentes para mais mortes dos dois lados. "Com essa política agressiva que se recusa a admitir os direitos do povo palestino, Sharon acabou decretando a morte de muitas pessoas. Minha preocupação agora é a conseqüência disso em nossa região e no mundo", disse.
Com a existência do muro que Israel está construindo, Hala Fariz afirmou que "vai ser impossível ter um Estado palestino independente". Para a embaixadora, Sharon "está reinventando um sistema de apartheid que existia no sul da África antigamente".
A embaixadora da Palestina garante que não há relação do Hamas com o grupo Al Quaeda, com o grupo separatista basco ETA ou com o grupo islâmico Hizbollah. "A luta palestina está nos territórios ocupados e nosso povo mantém uma resistência legal porque temos direito", concluiu.