Iara Falcão
Enviada especial
Salvador - A criação de um mercado cultural comum, com a implementação de um fundo de cooperação, foi uma das principais propostas geradas pelos participantes do Seminário Internacional sobre Cultura e Desenvolvimento dos Países de Língua Portuguesa, encerrado nesta sexta-feira, em Salvador.
Esse fundo de cooperação já existe desde 2000 e por isso, segundo o secretário-adjunto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, CPLP, Zeferino Martins, a proposta está atrasada. "É uma proposta que apareceu, mas que já vem tarde, porque, desde as primeiras reuniões de Ministros da Cultura foi constituído um fundo da cultura na CPLP. O problema é que existe o fundo, mas não há ‘fundos’", explicou, em alusão à falta de recursos destinados para manter projetos de cooperação. O secretário-adjunto da Comunidade também afirmou que é preciso os países buscarem recursos de empresas que patrocinem a área da cultura, de governos e de outras organizações a fim de que seja possível realizar as recomendações listadas pelos participantes do seminário.
O músico, poeta e escritor cabo-verdiano Mário Lúcio está otimista: "Se apresentarmos um modelo, como a idéia do fundo comunitário, basta esse fundo existir que as coisas vão começar a funcionar". O fundo recebeu o título de F-8. O cantor explica o motivo da denominação: "o ponto mais sensível desse corpo que é a CPLP não é o ponto G, mas o F, porque a gente não tem dinheiro", riu. Para Mário Lúcio, o seminário terá um grande impacto nos países de língua portuguesa. As propostas levantadas pelos cerca de 150 participantes durante o seminário serão sistematizadas e posteriormente encaminhadas aos ministros da Cultura dos oito países na reunião de Cúpula que acontece no mês de abril, em Moçambique. O cabo-verdiano enfatiza: "Os ministros vão ser obrigados a assinar o que os intelectuais produziram de propostas. Eles não tem outra escolha".
Outras propostas importantes que devem subsidiar a Reunião de Ministros em Maputo são a instituição de eventos comunitários, a redução de taxas para a circulação de bens culturais e de pessoas entre os oito países e a a construção de uma rede para o intercâmbio de informações via internet.