Conversa entre Lula e Kirchner deve incluir negociações no setor têxtil, diz imprensa argentina

13/03/2004 - 10h45

Brasília - O governo argentino vai eliminar as licenças automáticas para o ingresso de 95% dos produtos têxteis brasileiros no país. O acordo que se estenderá até o final deste ano é tema hoje da imprensa argentina. O jornal El Clarín, de Buenos Aires, traz hoje uma matéria sobre as negociações comerciais que estão sendo feitas entre os dois governos antes da viagem do presidente Nestor Kirchner ao Brasil, na próxima segunda-feira.

Segundo o jornal, o setor têxtil é um dos principais focos de conflito comercial entre os dois países. O "Clarín" diz, no entanto, que os dois governos chegaram a um acordo que contou com a colaboração dos empresários dos dois países.

Entre 2001 e 2003, as exportações têxteis do Brasil para a Argentina sofreram um incremento da ordem de 60%. Com o argumento de proteger a indústria local, o governo argentino anunciou medidas unilaterais para enfrentar o que eles chamaram de "invasão brasileira". Por causa disso, o governo estabeleceu a obrigação de licenças automáticas para importar produtos têxteis brasileiros.

O jornal destaca que, com o apoio do governo Lula, durante as negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), avançou-se em uma estratégia comum entre os organismos multilaterais e o governo argentino decidiu rever a medida. Entre os principais pontos do acordo estão a eliminação das licenças automáticas para 95% dos produtos têxteis, o que deixa apenas 5% das importações têxteis fora do acordo, representados pelos tapetes. Não se chegou a um acordo sobre o preço internacional do produto.

Em contrapartida à medida, o governo brasileiro vai autolimitar suas vendas anuais de tecidos acrílicos. Neste setor, os exportadores brasileiros vão respeitar os preços internacionais do produto e não recorrerão ao dumping (venda do produto abaixo do preço de custo), considerado uma concorrência desleal. Uma outra contrapartida brasileira está na redução de 25% das vendas de denin, tecido usado na fabricação de jeans, para a Argentina. Os empresários brasileiros aceitaram esta limitação que será monitorada a cada quinze dias por ambos os governos.

(Ellis Regina)