Meteorito que caiu no México não exterminou os dinossauros

04/03/2004 - 18h41
Dinossauros foram vítimas de vários meteoritos

Brasília, 4/3/2004 (Agência Brasil - ABr) - No início da década de 1990, a descoberta da cratera de Chicxulub, no interior do México, pôs fim a um extenso capítulo da história da paleontologia mundial. Os cientistas se convenceram de que aquela feição geológica provocada pelo impacto de um meteorito, com mais de 200 quilômetros de diâmetro, era a prova que faltava para explicar a extinção em massa dos dinossauros no fim do Período Cretáceo, há aproximadamente 65 milhões de anos.

Mas um artigo publicado na edição atual do Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas) reabriu a história. As pesquisas conduzidas pela equipe de Gerta Keller, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, mostra que a cratera mexicana é, pelo menos, 300 mil anos mais antiga do que se imaginava. Ou seja, ela não é contemporânea do processo que exterminou os dinossauros e vários outros grupos de organismos da superfície terrestre.

Para chegar à idade correta da feição geológica mexicana, o grupo de Kerta, formado por seis cientistas de diversos países, apoiou-se em estudos de sedimentologia, bioestratigrafia, magnoestratigrafia, isótopos estáveis e íridio, substância química bastante presente em meteoros.

"A cratera que realmente ajudou a provocar a grande extinção em massa do final do Cretáceo ainda permanece desconhecida dos cientistas", escreveram os autores no artigo recém-publicado. "Talvez a cratera de Shiva, na Índia, possa ser a próxima candidata."

No estudo, os pesquisadores defendem ainda uma revisão na tese que explica a extinção em massa dos dinoussauros. Para eles, não foi um único impacto, mas uma série deles, que transformou o clima na Terra. "Além dos meteoros, as atividades vulcânicas daquele período e a emissões de gases que contribuíram para uma espécie de efeito estufa também devem ser corretamente avaliadas", escreveram no artigo. (Agência Fapesp)