Rio de Janeiro, 5/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - A agência das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) vai apoiar a proposta brasileira de amortização de parte do pagamento dos serviços da dívida externa dos países em desenvolvimento, mediante a aplicação de recursos em Ciência e Tecnologia. A sugestão foi reiterada pelo ministro Roberto Amaral, na reunião da Comissão Mundial de Ética do Conhecimento Científico e Tecnológico (Comest), que se realiza no Rio.
Amaral falou na amortização da dívida condicionada a investimentos em ciência e tecnologia, pela primeira vez, em reunião da Unesco, realizada no mês de outubro, em Paris. Ele próprio anunciou, hoje, a decisão da Unesco no encontro que reúne o diretor-geral adjunto da entidade, Márcio Barbosa, seu representante no Brasil, Jorge Werthein, além de autoridades brasileiras e ministros latino-americanos. O ministro disse também que as propostas brasileiras para a unificação dos esforços dos países do Mercosul e de toda a América do Sul, em prol do desenvolvimento científico e tecnológico, estão ganhando apoio da comunidade internacional.
Segundo Amaral, a proposta de amortizacao da dívida ainda está em discussão e sua operacionalidade dependerá das negociações com os credores. "O Brasil e os demais países têm uma dívida que consiste de duas partes: a dívida propriamente dita e os serviços dela, o pagamento de juros. Nós pagamos, a cada segundo, uma fortuna muito grande de juros e esses juros são retirados da produção e do desenvolvimento dos países. Não há possibilidade de o Brasil e os demais países em desenvolvimento continuarem pagando esses juros se não voltarem a crescer. Esse crescimento só poderá se dar mediante investimento em ciência e tecnologia", explicou.
Para o ministro, os credores têm que dar aos países endividados "condições de sobrevivência" se quiserem continuar recebendo a parte relativa aos serviços. Amaral considera a mediação da Unesco importante no âmbito das negociações sobre a amortização da dívida que, para ele, não poderão ocorrer no plano bilateral, mas em âmbito global, com todos os credores e devedores.