Brasília, 5/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O secretário de Relações Internacionais do PT, deputado Paulo Delgado (MG), respondeu hoje ao manifesto internacional divulgado pelo Londres Socialist Resistance, em defesa da senadora Heloisa Helena e contra a expulsão de dissidentes do pattido, afirmando que "no PT, hoje, como sempre, o debate é livre e as posições partidárias são construídas a partir do choque de idéias".
O manifesto foi assinado por intelectuais como o lingüista norte-americano Noam Chomsky e o cineasta inglês Kean Loach. Em carta enviada hoje pelo deputado Paulo Delgado a Noam Chomsky e demais signatários do manifesto, o parlamentar petista afirma que "os senhores sabem que para ser tolerante é preciso saber o que é intolerável".
Delgado afirma ainda que engana quem pensa que o PT é uma academia ou um grêmio recreativo. "Pelo contrário, é um partido que muito se orgulha de sua democracia interna e também de sua unidade de ação". E destaca que ao longo da história, o partido sempre assegurou o mais amplo debate interno, seguido da compreensão de que a posição aprovada pela maioria seria obrigatoriamente a posição do partido.
O petista recorda que em 1985, o partido decidiu que não compareceria ao Colégio Eleitoral e na época dos oito deputados petistas, três desobedeceram a decisão e foram expulsos. Recorda, ainda, que em 1993, a ex-prefeita Luiza Erundina foi suspensa do partido porque aceitou ser ministra do então presidente Itamar Franco, contra a posição do partido.
"A liberdade em partidos democráticos é a partilha e a aceitação coletiva dos limites", diz o deputado. Delgado manifesta também que é natural que fique no PT quem concorde com suas políticas. "Não é leal ficar dentro do PT para combatê-lo sistematicamente, se auto-intitulando guardiões da virtude petista".
O secretário petista afirma que os quatro parlamentares passíveis de expulsão estão claramente tentando se passar por vítimas, "quando em verdade são agressores da unidade interna, embora tenham todo o direito de expressar suas opiniões, dentro e fora do PT, como vem fazendo".
Na carta, Delgado fala da situação do sistema previdenciário brasileiro, que enfrenta um grande déficit. "O sistema é um monstrengo e é difícil imaginar que alguém possa se apresentar como de esquerda no Brasil e ser tão preservacionista nesta questão". Ele lembra que só no setor público, em 2002, o subsídio do Tesouro foi de R$ 23 bilhões para custear aposentadorias e pensões de 952 mil ex-servidores da União.