Ministros divulgam manifesto contra rejeição russa ao Protocolo de Kioto

05/12/2003 - 13h20

Rio de Janeiro, 5/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - Os ministros de Ciência e Tecnologia do Brasil, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal divulgaram, hoje, no Rio, moção de apoio ao Protocolo de Kioto, em reação à posição russa. A Rússia anunciou esta semana, por meio de um assessor da área econômica, ligado diretamente ao presidente Vladimir Putin, que não assinará o tratado internacional de controle da emissão de gases que provocam e aceleram o efeito estufa.

O manifesto foi publicado na II Reunião Ministerial de Ciência e Tecnologia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que termina hoje (5). Segundo o ministro de Ciência e Tecnologia do Brasil, Roberto Amaral, a moção é um apelo para que os países industrializados pensem um pouco mais no conjunto da humanidade. "Nós, dos países de língua portuguesa, decidimos fazer um apelo aos grandes emissores de gases poluentes, no sentido de que eles assinem o Protocolo de Kioto, pensando um pouquinho menos em suas indústrias poluentes e um pouco mais no conjunto da humanidade, e em particular nos países do terceiro mundo, que acaba pagando a maior conta da poluição, e na saúde da humanidade e no meio ambiente".

Além de Amaral, são signatários do documento os ministros de Angola, João Batista Ngandajina, de Guiné-Bissau, Maria de Fatima Silva Barbosa, de Portugal, Maria da Graça Carvalho, e de Moçambique, Lidia Maria Arthur Brito. Eles solicitam a todos os países, principalmente aos grandes emissores de gases de efeito estufa, a assumirem compromisso com o combate às mudanças climáticas e com a responsabilidade na mitigação dos efeitos dessas mudanças. Como isso só é possível mediante a ratificação do Protocolo de Kioto, os ministros estão clamando pela adesão ao tratado.

O assessor de Putin, Andrei Illarionov, confirmou ontem (4) a recusa da Rússia em ratificar o protocolo, após ter anunciado na última terça-feira que o presidente rejeita o tratado porque cortes nas emissões vão prejudicar a economia russa, a despeito de ter sido desautorizado pelo ministério da Economia após a primeira declaração. Sem a adesão da Rússia, não se atinge o mínimo necessário de 55% das emissões para que o pacto entre em vigor. O tratado estipula que os países industrializados têm que fazer cortes de 5,2% com base nas emissões de 1990. Outro país que permitiria chegar à quota de vigência são os Estados Unidos, que já anunciaram reiteradas vezes que não vão assinar o protocolo.