Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
São Paulo, 5/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O governo Lula acertou bastante, sobretudo na área econômica, mas cometeu erros nesse primeiro ano de mandato, na avaliação da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Os principais erros foram o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e falta de foco na geração de empregos, segundo afirmou o presidente da central, Luiz Marinho, em entrevista hoje.
Marinho destacou, entre os acertos mais importantes, a redução dos juros, a política de crédito e microcrédito, o financiamento à agricultura familiar e o anúncio do novo plano nacional de reforma agrária. Em contrapartida, ele reclamou da exclusão do movimento sindical nas negociações sobre a Reforma da Previdência.
A criação de frentes de trabalho nos grandes centros é uma das principais preocupações da Central. O presidente da entidade afirmou que já era esperado, para 2003, um ano muito difícil em razão da situação econômica herdada do governo anterior. No entanto, reconhece que medidas emergenciais poderiam e deveriam ter sido tomadas pelo governo Lula desde setembro deste ano. Essas medidas estão estão sendo renovadas como reivindicações da CUT para 2004.
Na avaliação da CUT, o superávit negociado com o FMI não permitirá a tão esperada retomada do crescimento. "A Central se posiciona pela necessidade de o presidente Lula intervir para a não assinatura do acordo da forma como está", disse Marinho.
No campo das relações internacionais, a CUT acredita que "o governo vem acertando", mas mantém posição contrária à Alca e propõe a realização de um plebiscito sobre os termos de adesão à Área de Livre Comércio das Américas. No próximo dia 15, a Central se une a trabalhadores de outros países latino-americanos na marcha de rechaço à Alca, que acontecerá em Montevidéo, no Uruguai.
Em uma "auto-análise" da atuação da entidade, a CUT avalia 2003 como um ano de campanhas salariais vitoriosas. Em 2004, além das lutas de categoria, a CUT vai levantar a bandeira da reforma sindical, com o objetivo de fortalecer o papel dos sindicatos nas negociações coletivas e, assim, preparar o terreno para outra reforma igualmente polêmica: a trabalhista. "Precisamos construir a equidade entre capital e trabalho para discutir a reforma trabalhista", diz Luiz Marinho.