Milena Galdino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Gazit, afirmou que as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiando a criação de um Estado Palestino não vão atrapalhar a relação que o Brasil mantém com Israel. "Todos nós queremos a paz", comenta. Segundo ele, a devolução das Colinas de Gola à Síria também está entre os objetivos do governo israelense.
"Acreditamos que, a partir do momento em que os líderes palestinos conseguirem, de fato, desmantelar a rede de terror que atua em nosso território, poderemos voltar a negociar a paz", avalia Gazit. Ele ressalta que o possível acordo de paz com os palestinos prevê três etapas: o fim dos ataques terroristas, a retirada completa de Israel dos territórios reivindicados pelos palestinos e, por fim, o ajuste dos mapas. "Apesar de Israel já ter começado a segunda etapa, de retirada dos territórios reivindicados, os palestinos sequer começaram a desmantelar a rede de terror", ataca.
A resposta vem depois de o presidente Lula dizer, em um jantar na Síria, que a ocupação de locais que historicamente pertencem aos palestinos – como a Cisjordânia e a Faixa de Gaza – é inaceitável.
Reação palestina
A Delegação Palestina no Brasil recebeu a declaração do presidente com entusiasmo. "Lula está dando continuação a uma política de apoio do Brasil à criação do Estado Palestino", comentou Hala Husni Fariz, ministra-conselheira da representação palestina em Brasília. Ela acusa Israel de comandar agressões diárias a civis, demolir casas e continuar a política de assentamentos nos territórios habitados por palestinos. "No nosso caso, assumimos a posição de condenar os ataques terroristas. No caso de Israel, o próprio exército é que promove o terror. Quem duvidar disso, só precisa assistir à tevê", recomendou.
Ainda na Síria, Lula garantiu que defenderá, ao assumir um assento temporário no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o retorno das colinas de Golã à Síria (assim como Cisjordânia e Faixa de Gaza, a região de Golã foi incorporada por Israel na Guerra de Seis Dias, de 1967).
A guerra de 67 foi comandada por uma força tríplice composta por Síria, Egito e Jordânia. "Prova da nossa vontade de devolver as Colinas é que, em acordos de paz, já devolvemos ao Egito e à Jordânia todo o território que havia ficado conosco em decorrência de nossa vitória numa guerra que sequer fomos nós que começamos", defende Daniel Gazit.
Segundo o diplomata, redes de terror também são os grandes empecilhos para que Israel e Síria aparem suas arestas e redesenhem seus mapas. "Dez organizações terroristas que atuam em Israel têm sede em Damasco. Além disso, a Síria apóia o Herzbollah, um dos maiores grupos contrários ao povo israelense", acusa Gazit.