Ciro diz que crítica a tucanos que integram comitiva presidencial é vulgaridade

05/12/2003 - 16h32

Marcos Chagas
Enviado especial ao Oriente Médio

Beirute, 5/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, qualificou de "vulgaridade sem limite" as críticas feitas por parlamentares da oposição, como o deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ), aos governadores do PSDB, Lúcio Alcantara (CE) e Marconi Perillo (GO), por integrarem a comitiva presidencial na viagem ao Oriente Médio. Rodrigo Maia ironizou os governadores, que pertencem a um partido de oposição, afirmando que hoje o presidente é outro.

Segundo Ciro Gomes, os membros de uma comitiva presidencial não podem ser escolhidos por sua filiação partidária. Ele disse que não se pode expor divisões internas, quando existe um objetivo maior, que é divulgar o país no exterior. "Fora do país, nós temos que nos apresentar coesos. Além do mais, o presidente Lula convida quem ele quiser. Isto é um ato de gentiliza política", acrescentou o ministro.

Perguntado se o fato de Perillo e Alcântara integrarem a comitiva presidencial não significaria um gesto de aproximação de parte do PSDB do governo, Ciro Gomes respondeu que, às vezes, a forma de ajudar o governo pode também ser crítica. O ministro lembrou que foi a proposta alternativa de reforma tributária apresentada pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) que permitiu que as negociações entre o governo e a oposição evoluíssem no Senado. O próprio Tasso foi convidado pelo presidente Lula para integrar a comitiva brasileira na visita aos países árabes: "Ele só não veio, porque tinha outros compromissos", afirmou Ciro Gomes.

O governador Lúcio Alcântara foi taxativo: disse que, no âmbito do PSDB, em tudo o que puder influenciar, será no caminho da conciliação com o governo. "Ninguém conte comigo para fazer oposição sistemática". Segundo Alcântara, existe, no PSDB, "um pessoal de São Paulo que tem uma posição mais radical quanto ao governo".

Marconi Perillo, de Goiás, também não vê problema algum em integrar a comitiva do presidente Lula. Antes de aceitar o convite, ele teve o cuidado de consultar o presidente em exercício do partido, senador Eduardo Azeredo (MG), além do senador Tasso Jereissati e o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA). De acordo com Perillo, além de não verem qualquer problema no convite, os três o estimularam a integrar a comitiva presidencial.

"É uma grande bobagem querer politizar a relação entre os governos estaduais e o governo federal. Isso é querer tirar ilações negativas sobre um assunto absolutamente normal", afirmou o governador goiano. Perillo ressaltou que tem feito, "com muito zelo, o dever de casa partidário". Sobre a possibilidade de aproximação de parte do PSDB do governo, o governador disse que tal decisão que só seria tomada de forma majoritária dentro do partido, como é hoje a definição por uma aliança com o PFL.