Brasília, 26/8/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Esplanada dos Ministérios foi tomada hoje por cerca de 40 mil representantes de trabalhadoras e trabalhadores rurais, na "Marcha das Margaridas 2003: Motivos para Marchar". O ato público, que terminou às 17h30 no gramado do Congresso Nacional, começou às 14h com uma caminhada de 6 quilômetros a partir do Parque da Cidade. Foi um trajeto, primeiro no calor de um sol forte, e depois sob uma chuva intensa, que foi enfraquecendo, mas insistiu em cair de mansinho a tarde inteira.
As alterações climáticas, no entanto, não impediram os agricultores de tornar públicas suas reivindicações, entregues de manhã no Palácio do Planalto ao presidente em exercício José Alencar.
O documento, lido e repetido na manifestação na Esplanada, tem quatro pontos básicos: reforma agrária e meio ambiente na luta pela terra e o uso racional do solo e das águas; salário mínimo digno; direito a saúde pública com assistência integral à mulher e combate à discriminação e a violência no campo.
O ato público também serviu para reavivar a memória das autoridades sobre os crimes no campo. O mais lembrado foi a morte da líder dos trabalhadores rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, Margarida Alves. Ela foi assassinada há 20 anos, mas até agora os responsáveis continuam impunes. Margarida deu o nome à causa e a Marcha.
Quatro ministros participaram da manifestação. A secretária Especial de Política para as Mulheres, Emília Fernandes, lembrou que "as mulheres trabalhadoras rurais já têm inscrito na história do País a luta da resistência e da mobilização e da participação". Na opinião da ministra "as mulheres do campo e da cidade devem se unir pela igualdade de direitos".
A saúde, a educação e a violência devem ser justamente os motivos de união destas mulheres, na avaliação da ministra Emília Fernandes. "Este País tem uma grande dívida social com as mulheres, que são mais da metade da população, onde estão as pessoas mais pobres, sem contar a exclusão das negras, das índias e das trabalhadoras rurais".