Lula fala no programa do PT que País muda com segurança e sem pressa

22/05/2003 - 21h30

Brasília, 22/05/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a grande estrela do primeiro programa eleitoral do PT após a posse em 1º de janeiro. Dos vinte minutos reservados ao partido em cadeia de rádio e TV, apenas três foram usados diretamente pelo presidente Lula, mas em todo o programa sua figura foi evocada. Logo nos primeiros minutos, o programa levantou a questão: "o que está acontecendo com este país?". A resposta veio com as imagens da posse de Lula e seu discurso, no qual se compromete a transformar o Brasil "no país que a gente sempre sonhou".

O programa destaca a recuperação da credibilidade do Brasil no exterior, que havia sido fortemente abalada durante a corrida à Presidência. O PT se encarregou de mostrar que "no mundo inteiro o Brasil virou boa notícia", graças ao governo austero e competente do presidente Lula. "O Lula vem mostrando competência no governo e o Brasil volta a ser um lugar interessante para se investir", disse o cientista político norte-americano Thimoty Power. "O presidente Lula surpreendeu o mundo com um governo responsável e hoje podemos dizer que o Brasil é um dos dez melhores países para se investir", completou o economista japonês Yoshiro Inoue.

Em sua rápida participação, o presidente confirma as avaliações feitas no exterior e explica à sociedade os porquês da austeridade econômica do início de seu governo. "Quero mudar o Brasil sim, mas com segurança, sem pressa, com um passo de cada vez. Sobretudo na área econômica, onde todo cuidado é pouco, pois dependemos não só de nós, mas também do contexto mundial. Primeiro era preciso frear a inflação e recuperar a credibilidade internacional. Esse passo foi dado e com sucesso", disse o presidente.

Uma curiosidade: o programa do PT revela que em pesquisa feita na Argentina antes da eleição de Nestor Kirchner para presidente, os vizinhos confessaram querer um presidente como Lula na Argentina. Segundo a pesquisa, 49% dos argentinos escolheriam "o brasileiríssimo" Lula para o comando do país.

Lula aproveitou o programa para rebater as críticas de que o seu governo é uma continuidade do seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. O presidente garantiu que, enquanto estiver no cargo, vai manter os projetos que trouxerem benefícios ao país independente de quem for o autor. "Aqui ou ali ouço dizer como se fosse um erro dar continuidade a obras de outros governos. Para mim isso é um elogio. Enquanto eu for presidente, toda boa idéia será continuada ou melhorada, independente de quem tiver feito", enfatizou.

Lula voltou a pedir paciência para a população. Ele explicou que, com o passar dos anos, aprendeu que ela é uma das virtudes necessárias para conseguir realizar mudanças positivas para o país. Além dela, o presidente destacou a perseverança e a firmeza como instrumentos fundamentais para bem governar. "Paciência para superar os obstáculos, perseverança para não desanimar e firmeza para agüentar o tranco das dificuldades", afirmou. E continuou: "Por fim, maturidade para avaliar com certeza o desafio a ser vencido".

Lula voltou a defender as reformas tributária e previdenciária no programa do PT. Lembrou que, para o governo, a reforma tributária tem como objetivos centrais reduzir "o peso dos impostos para a produção, incentivar as exportações e ativar a economia". Já a reforma da Previdência busca resolver dois grandes problemas: o déficit de caixa "crônico" da União e dos governos estaduais, e corrigir as injustiças do sistema. "É chegada a hora de resolver estes problemas de uma vez, ou dentro de algum tempo, não vai haver dinheiro sequer para pagar os funcionários públicos aposentados", afirmou.

Ao encerrar sua participação, Lula quis mostrar à população que as reformas não são as únicas propostas de seu governo. Em especial, o presidente destacou o futuro lançamento do programa Primeiro Emprego, que faz parte dos compromissos da campanha eleitoral, a reforma agrária e as cooperativas de crédito. "Posso garantir ao povo brasileiro que nosso caminho já está traçado e que nada, nada mesmo, nos desviará do nosso rumo, que é a construção de um Brasil mais justo, economicamente forte e respeitado em todo mundo", encerrou. Gabriela Guerreiro e