Brasília, 1/4/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse hoje que, na prática, a aprovação do projeto de autonomia da instituição "não mudará absolutamente nada" na atuação do banco. "Se propõe (a autonomia), porque tornará as normas mais transparentes. Experiências de outros países indicam tranqülidade (na credibilidade)", disse Meirelles.
O presidente do BC disse durante audiência pública na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização da Câmara dos Deputados, que nunca recebeu telefonemas do presidente da República ou do ministro da Fazenda para perguntar sobre decisão de política monetária.
Meirelles disse também que na situação atual, o governo não possui espaço para reduzir os juros devido à pressão inflacionária. "Temos de aplicar a taxa de juros necessária para primeiro arrefecer a inflação", afirmou.
Na audiência, Meirelles apresentou aos parlamentares uma avaliação sobre o impacto dos custos fiscais da política do BC no segundo semestre do ano passado. Segundo ele, a taxa básica de juros possui um componente de inflação que afeta o juro real. Meirelles disse que a chamada taxa de equilíbrio ainda é considerada alta em relação a outros países. A posição dos juros hoje no país é reflexo, ainda segundo Meirelles, do rompimento de contratos no passado, do histórico recente de superávits primários e do trajeto da relação dívida/PIB.
Ele disse acreditar, porém, que a taxa de juros será reduzida como conseqüência da queda na taxa de risco de investimentos estrangeiros no país, o chamado Risco-Brasil.Ele lembrou que de 2002 a 2003, o Risco-Brasil já sofreu queda acentuada. "O mundo está indicando que nossa política econômica está na direção certa", disse o presidente do Banco Central.