Brasília, 12/1/2003 (Agência Brasil - ABr) - A semana que se inicia deve marcar novas rodadas de negociações com vista à escolha dos presidentes da Câmara e do Senado para a legislatura que se inicia no dia 1º de fevereiro. Na semana que se encerrou o ministro chefe da Casa Civil e ex-presidente do PT, deputado José Dirceu, esteve na linha de frente das negociações, discutindo a composição partidária necessária para eleger o deputado João Paulo (SP) presidente da Câmara e o senador José Sarney (AC) para o Senado. Todo esse trabalho tem amparo na exigência dos regimentos internos do Congresso de que as maiores bancadas devem indicar os presidentes das duas casas.
Enquanto o deputado João Paulo se declarava seguro de que será o escolhido no Senado o governo procurava angariar o apoio de outros partidos para a eleição de Sarney, na casa, já que o partido está dividido. João Paulo percorrerá diversos estados para conversar com governadores de todos os partidos pedindo apoio. A cúpula do PMDB, que estava do lado do candidato derrotado à presidência José Serra, pende para o nome do senador alagoano Renan Calheiros.
A migração de parlamentares para outros partidos poderia assegurar uma margem maior de garantia para a eleição dos candidatos do governo na Câmara e no Senado.
O PMDB tem 21 senadores enquanto o PFL tem 20, e se até o dia primeiro ultrapassar o quadro do partido de Sarney, poderá até ficar garantida a eleição do senador maranhense, e que representa o Acre no Congresso, para a presidência do Senado, pois ele seria também o candidato no PFL.
O deputado e futuro senador Aloísio Mercadante, que será líder do governo no Senado, fará viagens a partir desta semana para discutir a base de apoio que o governo espera conseguir. No dia 20, o deputado José Genoíno deverá se encontrar com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, para angariar o apoio do parlamentar catarinense para a eleição na Câmara.
O PFL tem bancada maior na Câmara que o PMDB, e, um acordo eventual que o envolva no Senado, resultaria em compensação dos votos que seriam perdidos do PMDB.
Em reunião com o presidente do partido, Michel Temer, o deputado José Genoíno ouviu promessa de que o PMDB apoiará o candidato do PT, se houver maioria no dia 1º de fevereiro. Para obter o respaldo das bancadas dos estados de São Paulo e Minas Gerais, o PT, que lá elegeu maioria dos deputados estaduais, concordou em abrir mão da presidência das assembléias legislativas em troca de apoio para seus candidatos à Câmara e ao Senado Federal. Mas, na assembléia paulistana os deputados estaduais do PT não concordam muito com esse acordo.
Durante a última semana a cúpula do PT reuniu-se com o PL, PSB, PPS e PTB e recebeu apoio para as duas candidaturas. O bloco deve incluir também os apoios do PDT e PcdoB, cujo presidente Aldo Rebelo foi indicado pelo presidente Lula da Silva na última semana para a liderança do governo na Câmara.
O deputado José Genoíno escalou o secretário geral do seu partido, Silvio Pereira, para acomodar aliados e membros do PT para as disputas por cargos de segundo e terceiro escalões na Esplanada dos Ministérios e em órgãos do governo. Tudo faz parte de uma composição de apoio que possa garantir sucesso nas pretenções do partido para a presidência das duas casas do Congresso e, por extensão, fortalecer a base de apoio do governo para a próxima legislatura.
O PPS elegeu 15 deputados nas eleições de outubro e vê a possibilidade de chegar a 30 em fevereiro. O PSB elegeu 22 deputados e 3 senadores e pode ganhar mais nove deputados e até dois senadores. O PL pode aumentar sua bancada de 26 deputados para 45 ou 50, e o PTB espera também aumentar pelo menos mais um deputado. Todas as negociações visam a solidificação de uma frente que possa resistir a um eventual bloco formado entre PFL e PSDB que poderia resultar num bloco de 154 deputados. Na eleição de Aécio Neves para a presidência da Câmara o PSDB aumentou sua bancada com deputados de partidos menores, como se está fazendo agora com vista à candidatura do paulista João Paulo.