Brasília, 12/1/2003 (Agência Brasil - ABr) - Como parte de sua política voltada para melhorar o aproveitamento dos recursos naturais da região, o Banco do Nordeste (BN) está incentivando estudos sobre o coco babaçu, uma das matérias-primas mais abundantes e de grande relevância econômica e social em estados como o Maranhão e o Piauí.
Neste sentido, o BN firmou convênio com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), com o objetivo de determinar propriedades físico-químicas como viscosidade, cor, índices de refração, de acidez e de saponificação e composição em termos de ácidos graxos; e estudar a viabilidade de aproveitamento de sabões derivados do óleo de babaçu para formulação de detergentes líquidos para uso doméstico.
Os recursos para o projeto "Utilização de Matérias-Primas Regionais-Caracterização e Aproveitamento do Óleo de Babaçu na Produção de Detergentes Líquidos", coordenado pelo professor Roberto Sigfrido Gallegos Olea, foram aportados pelo Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fundeci), órgão do BN.
Os estudos em torno do tema resultaram na tese de mestrado dos alunos de pós-graduação Paulo César Malheiros Carneiro e Sandra Maria Oliveira Sá, ambos da UFMA. A determinação da composição e de algumas propriedades químicas do óleo de babaçu, fase importante para seu uso na alimentação ou como matéria-prima para fabricação de outros produtos, foi obtida de amostras de óleo refinado, de óleo industrial e de óleo artesanal. Os resultados das análises para cada tipo de amostra diferem em termos de ácidos graxos e propriedades como acidez, saponificação, índices de iodo e hidroxila.
Nos estudos em torno da extração do óleo com fluído supercrítico, examinados os vários fatores que afetam o rendimento da extração, foram conseguidas condições em intervalos de temperatura (entre 50 e 80º C) e de pressão (entre 50 e 60 Mpa) em que quase todo o óleo contido nas amêndoas do coco babaçu, cerca de 60%, é extraído. Uma das vantagens deste processo é que a extração por fluído supercrítico dispensa todas as etapas industriais envolvidas na refinação do óleo de forma industrial, com vantagens para a saúde e o meio ambiente. Sua utilização é relativamente recente, a partir de 1982, sendo hoje muito aplicada na indústria em áreas como a descafeinização do café, a desnicotinização do tabaco e a extração do colesterol da manteiga e banha de porco.
Esta parte do projeto serviu também para colocar em operação o aparelho "Speed Model 680 Bar", hoje já disponível para uso nos cursos de graduação e pós-graduação da UFMA, além de se tornar importante ferramenta auxiliar em vários tipos de pesquisa a serem desenvolvidas na Universidade. Durante o projeto, o aparelho foi usado nos estudos relativos à extração do óleo de babaçu com dióxido de carbono supercrítico, trabalho descrito em detalhes na dissertação de mestrado de Paulo César Malheiros Carneiro, "Extração em Escala Analítica do Óleo de Coco do Babaçu com Dióxido de Carbono Supercritico".
matéria-prima múltipla
O uso do babaçu é amplo nas comunidades rurais do Maranhão e do Piauí. Na construção das casas em que a palmeira é usada na estrutura, na cobertura, na confecção de portas, janelas, cercados, estrados para armazenagem de produtos e apetrechos diversos. Na alimentação, através do leite, do azeite e do palmito. Na fabricação de sabão caseiro. Como combustível, utilizando a casca como carvão. No artesanato, aproveitando a palha.
O óleo de babaçu é utilizado pelas indústrias de cosméticos para shampoos, sabonetes, batons, sabão, cremes. Também utilizado pelas indústrias de alimentos em margarinas e óleo de cozinhar. A farinha originária do mesocarpo é vendida amplamente como produto natural e o carvão.