Brasília, 3/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - "Mais de 800 mil meninos e meninas trocaram os instrumentos de trabalho penoso pela educação e pelo conhecimento , através do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). Este Programa paga uma bolsa às famílias, para compensar a renda que os filhos levavam para casa". O anúncio foi feito pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, no programa "Palavra do Presidente" desta terça-feira, pela Rádio Nacional.
A seguir, a íntegra do discurso do presidente :

"Ao final deste segundo mandato, há um trabalho que eu gosto de citar como o começo de uma mudança. Eu me refiro à campanha de combate ao trabalho infantil. Os dados ainda são modestos, mas já são animadores. Afinal, mais de 800 mil meninos e meninas trocaram os instrumentos de trabalho penoso pela educação e pelo conhecimento.

Essas crianças e adolescentes trabalhavam como catadores de lixo ou como lavradores nas plantações de cana, de fumo, de laranja ou de sisal. Trabalhavam ainda nas carvoarias e em outras atividades extremamente prejudiciais ao seu desenvolvimento.

Com o programa de Erradicação do Trabalho Infantil, nós começamos a libertar brasileiros de 7 a 15 anos do trabalho penoso e insalubre. E mais do que isso, demos a eles uma condição adequada para a sua idade - que é a vida escolar. O PETI, que é o Programa de Erradiação do Trabalho Infantil, paga uma bolsa às famílias, para compensar a renda que os filhos levavam para casa.

Nós iniciamos o programa em 1996, pelas carvoarias do Mato Grosso do Sul, e em seguida, pela região produtora de sisal, na Bahia. Justamente as áreas que mais exploravam a mão-de-obra infantil. Hoje, atendemos crianças e jovens dos 26 Estados e do Distrito Federal.

E não nos limitamos a ajudar as famílias para que mantenham os filhos na escola. Também buscamos a parceria dos municípios. Repassamos recursos para as prefeituras implantarem a Jornada Ampliada, que oferece atividades como esporte, lazer e cultura fora do horário das aulas.

Eu gostaria de ter eliminado para sempre o trabalho infantil. Melhor dizendo, eu gostaria que esse problema nunca tivesse existido. Mas, infelimente, esbarramos nas dimensões do nosso país, na dificuldade para mudar condutas condenáveis e para manter uma fiscalização eficaz. Como eu sou um otimista, posso assegurar que demos os primeiros passos. E sei que você vai ajudar o Brasil a continuar a luta para trocar o trabalho infantil pela formação de nossas crianças."